8 romances japoneses tão contidos quanto devastadores

8 romances japoneses tão contidos quanto devastadores

Há livros que se impõem com enredo, reviravolta, velocidade. E há outros que se aproximam de lado, com delicadeza e lentidão, até que — sem ruído — atravessam você. Os romances japoneses reunidos aqui pertencem a esse segundo tipo: não tentam impressionar, mas transformam. São contidos, cheios de nuance, sustentados por personagens que raramente gritam, mas que doem em silêncio. E no fim, o que fica não é uma lição, mas uma presença. Como se algo ainda estivesse respirando depois da última página.

Haruki Murakami: um autor com 50 livros sobre a mesma pessoa

Haruki Murakami: um autor com 50 livros sobre a mesma pessoa

O som do elevador subindo lentamente, como se tivesse consciência de que ninguém estava esperando. O cheiro de papel guardado por décadas, mofado e morno, como a memória dos lugares em que nunca se esteve. Um disco girando sem agulha, um gato observando do vão da porta, a mulher atravessando o quarto com um casaco vermelho que talvez ele só tenha imaginado. Era terça-feira, ou parecia ser. Às vezes a vida se repete com um atraso de trinta segundos. E nesse intervalo — entre o quase lembrar e o não saber — alguém começa a escrever, como quem espera não ser encontrado. Como em “Kafka à Beira-Mar”, mas com menos metafísica e mais poeira.

6 livros que conversam com quem está tentando se reconstruir

6 livros que conversam com quem está tentando se reconstruir

Às vezes a vida resolve brincar de Jenga emocional com a gente: tira uma pecinha aqui, outra ali, e quando percebemos estamos de joelhos no chão, tentando entender como reaprender a ficar de pé sem parecer um flamingo bêbado. Reconstruir-se, nessas horas, é mais do que se erguer, é reaprender o nome das coisas, redescobrir quem somos quando ninguém está olhando, e descobrir que, por incrível que pareça, ainda conseguimos rir de um meme idiota depois de chorar vendo comercial de margarina.

Stephen King é o McDonald’s da literatura?

Stephen King é o McDonald’s da literatura?

Ele não pede licença. Entra como fumaça por debaixo da porta, sem polidez nem mistério. Stephen King escreve como quem sangra e ri ao mesmo tempo, sem remorso, sem polimento. Seus livros são muitos, talvez demais, e essa abundância confunde. Alguns veem excesso, outros veem fôlego. Há quem o ame com culpa e quem o odeie com preguiça. Mas ignorá-lo é impossível. Ele construiu uma estrada entre o medo e o afeto — uma estrada larga, de pista dupla. E continua ali, dia após dia, servindo histórias como quem serve fast-food quente em bandejas literárias que ardem na mão.

Wes Anderson desenha a tristeza como quem monta um diorama Divulgação / Focus Features

Wes Anderson desenha a tristeza como quem monta um diorama

Em “Asteroid City” Wes Anderson alcança o auge da própria forma. Mas, ao contrário do que muitos esperam, o que há aqui não é apenas estilo. O que pulsa sob a simetria, sob o humor seco e os tons pastéis, é uma espécie de colapso emocional minuciosamente orquestrado. Um filme sobre perda, sobre o que não se entende — e, sobretudo, sobre a tentativa impossível de representar a vida enquanto ela escapa.