Eu sei como alimentar o silêncio com os meus olhos

Eu sei como alimentar o silêncio com os meus olhos

Mas já me agraciaram com o diploma de estranha. Eu como com os olhos. Eu lambo com a testa. Faço a nau conforme o rio, gostosinho e sem frescura. Quem me navega já sabe que eu mais rio do que choro. Ainda assim, sou boa companhia para a solidão porque sei como alimentar o silêncio com os meus olhos. Já pari menino. Já dei de mamar. As minhas tetas despencaram. Não me falem em silicone. Tenho os pés pequenos e tantos caminhos a percorrer que até eu duvido. Se eu quisesse morrer eu já tinha morrido.

O capitalismo em sua forma mais pura: a comédia de Scorsese que expõe o império do excesso, no Prime Video Mary Cybulski / Paramount Pictures

O capitalismo em sua forma mais pura: a comédia de Scorsese que expõe o império do excesso, no Prime Video

Martin Scorsese, mais do que qualquer outro cineasta norte-americano, entende o capitalismo como uma religião sem transcendência, cujo altar é o próprio corpo em êxtase. Em “O Lobo de Wall Street”, o diretor abandona a culpa católica que perpassava sua filmografia e entrega uma espécie de missa negra do mercado financeiro, uma celebração da ganância que não busca expiação, apenas permanência.

Era 29 de dezembro de 2001. O país segurou o ar. Ela tinha 39. Depois, o luto virou coro e o Brasil seguiu cantando Cássia Eller

Era 29 de dezembro de 2001. O país segurou o ar. Ela tinha 39. Depois, o luto virou coro e o Brasil seguiu cantando Cássia Eller

Entre sal, concreto e vento seco, a história de Cássia Eller se revela pelo corpo em cena e pelo silêncio do bastidor. O palco respira: a voz grave, sem enfeite, convoca plateias, erra e recomeça, aprende a medida do risco. Do circuito de bares ao “Acústico MTV”, do Rock in Rio à sala de estar, o timbre encontra canções-abrigo e parceiros de lapidação. Após a partida, fica a curva que ela abriu: consolo que provoca, coragem sem pose, presença que segue escutando em casas, ruas e fones atentos. Por perto.

Novo suspense de Ron Howard no Prime Video é aula de história sem sair de casa Divulgação / AGC Studios

Novo suspense de Ron Howard no Prime Video é aula de história sem sair de casa

”Eden”, dirigido por Ron Howard, narra sobre um grupo de europeus pós-Primeira Guerra busca isolamento nas Ilhas Galápagos para fundar um novo modelo de vida, livre da moral decadente do Velho Mundo. A premissa parece promissora, e de fato é, mas o resultado é um estudo sobre como qualquer ideal de pureza se dissolve quando confrontado com a natureza humana, que não é nem pura, nem regenerável, apenas teimosamente igual a si mesma.

Se ainda não viu, veja já: astro de Oppenheimer e Peaky Blinders está num dos melhores filmes de 2025 na Netflix Robert Viglasky / Neflix

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Tim Mielants filma um retrato rigoroso de um dia que parece nunca acabar. Acompanhando um gestor escolar exausto e um grupo de adolescentes em risco, a narrativa prefere proximidade a discursos. O olhar se mantém atento às contradições de um sistema que promete acolhimento e fornece planilhas, enquanto a câmera alterna nervo e calma. O resultado expõe fadiga institucional, tentações de espetáculo e uma aposta no gesto simples, que pede escuta, tempo e responsabilidade, sem atalhos grandiloquentes ou moralismos apressados.