Muitos espectadores gostam de assistir as estreias do ano. Eles não querem muito voltar um pouco no tempo e conhecer produções feitas em anos anteriores. Para esse e outros públicos, a Revista Bula indica agora algumas produções de 2022 que estão bombando na opinião de quem assiste e da crítica. Aqui, obras disponíveis na Netflix que ultrapassaram 90% de aprovação no Rotten Tomatoes.
O antiglobalismo é o grande pacote da chamada guerra cultural, em curso no Brasil. Entre suas vítimas estão as ciências humanas, implacavelmente atacadas por certas correntes políticas. Extremistas de direita acusam todos os professores da área de engajamento ideológico, que seria então transmitido, Oh, Deus!, a seus filhos, sem o consentimento dos pais. Presos num misto de ignorância e medo provocado, sugerem que a única teoria da história (ciência à qual nos limitaremos neste ensaio) é o marxismo. Nem sequer sabem do que se trata — a não ser que o marxismo tem a ver com um tal de comunismo.
Dois irmãos passam como vultos por uma sociedade que não consegue enxergá-los e apenas os tolera. Envolvidos de corpo e alma com o boxe, também essa forma algo bestial de ganhar a vida não chega a ser para eles um destino, e, assim, são forçados a se sujeitar a algumas humilhações e fazer delas um meio de subir, como Max Winkler mostra em “Terra de Ninguém”, relato comovente e enérgico da vida como uma luta inglória, mas necessária.
Alguns estudiosos da arte dizem que ela não foi feita para ser bela, mas para nos chocar, nos impactar. Alguns filmes são verdadeiras obras da sétima arte e cumprem com seu papel de desconstruir as ideias que achávamos que eram verdadeiras ou melhores. Eles entram na nossa mente como um redemoinho, derrubando tudo que estava arrumado e nos obrigando a nos reorganizar por dentro. A Revista Bula traz algumas produções que causam esse efeito no público e que estão disponíveis na Netflix.
A morte é sempre uma visita indesejada, mas quando se trata da morte de uma mulher de apenas vinte anos, em circunstâncias misteriosas e barbaramente violenta, essa intrusa precisa ser confrontada com o rigor necessário. A diretora Skye Borgman se presta a esclarecer e tornar pública uma história particularmente monstruosa em “A Garota da Foto”, relato de uma selvageria, mas também (e sobretudo) outra prova irrefutável da baixeza humana.
