John Gray: de boas utopias, certamente, está cheio o caminho do inferno Vera de Kok / Wikipédia

John Gray: de boas utopias, certamente, está cheio o caminho do inferno

Com uma argumentação coerente e límpida, Gray ataca, em “Missa Negra — Religião Apocalíptica e o Fim das Utopias”, (Record, 352 páginas, tradutor Clóvis Marques), os fundamentos filosóficos e culturais das grandes correntes políticas da modernidade, dedicando um número equitativo de páginas para espinafrar jacobinos, marxistas, nazistas, liberais, integralistas islâmicos, trabalhistas ingleses e neoconservadores norte-americanos.

Thriller psicológico na Netflix, consegue ser brutal, agonizante e divertido ao mesmo tempo Divulgação / Helher Escribano

Thriller psicológico na Netflix, consegue ser brutal, agonizante e divertido ao mesmo tempo

O espanhol Álex de la Iglesia é um dos diretores mais competentes do cinema contemporâneo quanto a lidar com a dicotomia entre a crueza sem-graça da realidade e o grotesco — que, não raro, descamba para o caótico — num filme. Da mesma forma que o compatriota Luis Buñuel (1900-1983), De la Iglesia permite que sua história transite sem nenhum receio entre o exagero da fantasia mórbida e a simplicidade do cotidiano no pequeno estabelecimento de uma metrópole, um dando ao outro a fundamentação retórica de que o enredo carece para se fazer verossímil, mas também onírico — neste caso, evocando o pesadelo — de um só golpe.

O filme da Netflix para quem gostou de Inception (A Origem) Divulgação / Netflix

O filme da Netflix para quem gostou de Inception (A Origem)

Enlouquecer de verdade ou recolher os cacos da dignidade ferida, procurar as pessoas com as quais nunca se quis estar e empreender qualquer outro esforço a fim de restabelecer o vínculo interrompido? A pergunta, claro, é mera retórica e como mostra “Sonhos Lúcidos”, do sul-coreano Kim Joon-sung, não há pai digno desse nome no mundo que não se enfrente qualquer risco pelo prazer de ter de volta sua razão de viver.