Nunca foi tão importante ler a Ilíada

Nunca foi tão importante ler a Ilíada

Este texto é um despropósito. A “Ilíada”, de Homero, certamente não precisa de apresentações, muito menos de uma chamada publicitária para convencer as pessoas a “darem uma chance”. A verdade é que o tempo vai passar, a Terra será engolida pelo Sol, a humanidade construirá casas de veraneio em Marte e, ainda assim, será possível escutar em algum rincão da galáxia, uma alma declamando: “Canta, ó Deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida”. A despeito disso, desejo aqui dizer algumas palavras sobre a epopeia homérica e sobre o benefício que sua leitura invariavelmente traz ao habitante deste século.

A ficção paranoica de Don DeLillo

A ficção paranoica de Don DeLillo

Em seus livros, DeLillo realiza uma remixagem de pedaços ou restos de estilos: ficção científica, romance policial, distopias, paranoia, conspirações, para gerar uma forma nova de narrar. O que seria apenas lixo cultural, porém, se transforma em grande arte do pensamento e da literatura. Devorar tudo também é a forma de a sociedade norte-americana se organizar e controlar a economia global. Os Estados Unidos fazem a combinação de dinheiro, tecnologia, guerras, armas e, sobretudo, produção da cultura para consumo mundial (haja vista o cinema e a música pop).

O filme mais esperado de 2024 acaba de chegar à Netflix e conta uma das histórias reais mais perturbadoras do cinema Quim Vives / Netflix

O filme mais esperado de 2024 acaba de chegar à Netflix e conta uma das histórias reais mais perturbadoras do cinema

Como se poderia imaginar, “A Sociedade da Neve” não tem novidade alguma. Nada no filme do espanhol J.A. Bayona justificaria desencavar o acidente do voo 571 da Força Aérea Uruguaia, em 13 de outubro de 1972. Contudo, a riqueza de detalhes e, o principal, o apelo estético do trabalho de Bayona, que orienta o diretor de fotografia Pedro Luque Briozzo Scu a carregar nas tintas do desespero e retratar a neve e os rostos daqueles homens em aflitivos tons de azul, num contraste inescapável e igualmente melancólico com o branco estourado sol invernal, dão novo fôlego à história.

O filme encantador que acaba de chegar à Netflix e vai te ensinar a se apaixonar por si mesmo Divulgação / Touchstone Pictures

O filme encantador que acaba de chegar à Netflix e vai te ensinar a se apaixonar por si mesmo

“Sob o Sol da Toscana” concentra um gosto bom de melancolia quase doce, espalhados ao longo de 113 minutos na pele de uma heroína que não tem medo de sofrer e até parece ir atrás de encrencas quando nota que a vida começa a ficar meio previsível. Roteiros como o de Audrey Wells (1960-2018) e Frances Mayes já vislumbravam, com alguma antecedência, a urgência da mulher em reafirmar seu compromisso de passar por cima dos velhos rótulos que assumira até há três décadas e seguir indo à luta, malgrado nem sempre tivesse certeza de que o esforço valeria a pena.