A escola transformou Machado de Assis num castigo: A forma como os clássicos são ensinados gera rejeição — e não reverência

A escola transformou Machado de Assis num castigo: A forma como os clássicos são ensinados gera rejeição — e não reverência

A sensação é que os 2,3 milhões de alunos que se formam no ensino médio todos os anos no Brasil nunca pegaram num livro senão pelo imperativo circunstancial das avaliações periódicas, que tentam mensurar, de um jeito bastante obsoleto, o que foi mesmo absorvido. Machado de Assis não é apenas o nome mais ilustre da história da literatura nacional: é um dos inventores do humano. Não conhecer a profundidade de Machado de Assis é vagar sem destino no mais absoluto breu.

Você sabe quantos livros foram impressos no Brasil no último ano?

Você sabe quantos livros foram impressos no Brasil no último ano?

Em meio a um cenário de incertezas econômicas e overdose digital, os livros impressos desafiaram previsões e voltaram a ocupar um espaço central na vida cultural brasileira. Em 2024, foram vendidos 360 milhões de exemplares — um salto de 10,1% em relação ao ano anterior. Mais que um dado de mercado, o número revela uma silenciosa, mas consistente, reaproximação do país com o objeto físico da leitura. Acompanhe nesta reportagem o que explica esse fenômeno e o que ele nos conta sobre quem somos — e o que ainda queremos ler.

4 livros para quem anda cansado de gente, mas ainda gosta de personagens

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Crescer é uma dessas armadilhas que a vida nos prega com um sorriso no rosto e uma conta para pagar no final do mês. Prometem liberdade, mas entregam boletos; falam em maturidade, mas cobram resiliência emocional sem manual de instruções. A infância, com seus medos bobos e alegrias simples, dá lugar a uma existência onde cada escolha carrega o peso de mil consequências. E, no meio desse turbilhão, a literatura surge como um farol, iluminando as contradições e ironias de uma vida adulta que, muitas vezes, parece uma pegadinha de mau gosto.

5 gêneros literários que mais cresceram em faturamento no Brasil

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O mercado editorial brasileiro parecia estar apenas sobrevivendo. Mas em 2024, algo — discreto, inesperado — começou a pulsar nas margens. Livros infantis, religiosos, ficção adulta, títulos didáticos e obras de não ficção reagiram com força, puxados por escolas, igrejas e redes sociais. Não foi o centro que se moveu, mas as periferias do hábito. Os leitores voltaram — ou talvez nunca tenham ido embora. O que mudou foi o silêncio em volta deles. Agora, há mais escuta. E talvez por isso a leitura esteja, enfim, reaparecendo com outro nome.

A maioria dos autores brasileiros contemporâneos escreve para agradar editora, não para dizer algo

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A literatura talvez seja a manifestação artística que mais revela-nos os mistérios de nossa humana e miserável natureza. No entanto, parece que certos escritores resolveram ignorar essa função vital de seu ofício e seu potencial revolucionário para apenas corresponder às exigências do mercado editorial e fazer dinheiro. Uma cosmiatria literária toma o lugar de livros autênticos, relevantes, incômodos, num país de poucos e maus leitores. Não é “a” explicação para o problema exposto neste artigo, mas é, sim, uma explicação bastante plausível.