Seleção Brasileira de Escritoras 2025

Seleção Brasileira de Escritoras 2025

Se futebol é o único assunto que Nelson Rodrigues acreditava nascer vivo, talvez literatura mereça dividir esse gramado com ele. Porque, sejamos francos, gente que não fala de livros tende a ser desinteressante. E se, no lugar da próxima Copa masculina, colocássemos a imaginação para jogar na Copa do Mundo de 2027. Uma seleção brasileira formada por escritoras, alinhada em um sólido 4–4–2, pronta para driblar clichês, marcar golaços narrativos e fazer as palavras correrem mais do que a bola. Que venha a resenha, o apito e a leitura em campo.

A Morte de Ivan Ilitch: Tolstói e a anatomia do nada

A Morte de Ivan Ilitch: Tolstói e a anatomia do nada

A vida pode ser um conjunto de rituais vazios, onde seguimos regras, buscamos status e evitamos questionar o essencial. Muitas vezes, acreditamos estar no caminho certo, mas apenas repetimos padrões impostos. O que acontece quando percebemos, tarde demais, que nunca vivemos de verdade? A consciência desse erro pode ser mais angustiante do que a própria morte. Afinal, existe algo pior do que chegar ao fim sem ter realmente existido.

Meridiano de Sangue: o épico brutal que redefiniu a literatura dos últimos 50 anos

Meridiano de Sangue: o épico brutal que redefiniu a literatura dos últimos 50 anos

De algum jeito, talvez porque os olhos insistem em parar naquelas frases que sangram, é impossível não ter a sensação de que o livro está nos lendo enquanto fingimos lê-lo. Há palavras como lâminas, mais precisas do que confortáveis, narrativas feitas de silêncio e pó. “Meridiano de Sangue” não explica. Recusa explicar. Como um sonho febril, escapa quando se tenta descrever; não há chão, nem mapa, nem certeza. Há somente algo que sussurra continuamente por trás das páginas: não estamos seguros; nunca estivemos. E o que restar depois disso talvez nem importe tanto.

Homens são autores. Mulheres precisam provar que são

Homens são autores. Mulheres precisam provar que são

É sempre assim. Quando o nome de um homem aparece na lombada, a estante se enrijece. Há um eco silencioso — feito de resenhas passadas, mesas redondas, cátedras enferrujadas — que sussurra antes mesmo da primeira linha. O livro ainda nem foi lido e já é importante. Já é obra. O autor já é Autor. Um homem que escreve não escreve: atesta. Não precisa pedir licença para entrar na tradição; ela já está posta à sua espera, cadeira cativa, copa servida, currículo pronto. Escrevem como se soubessem que o mundo os lê com crédito antecipado. E talvez saibam.

5 livros que são como tapas na cara silenciosos

5 livros que são como tapas na cara silenciosos

Há livros que abraçam, que consolam, que embalam o leitor em histórias doces e reconfortantes. Mas há outros que simplesmente desestabilizam. Livros que falam baixo, não vociferam, não se impõem pela virulência retórica, mas que, com precisão cartesiana, desmontam-nos. Em tempos de discursos histéricos, de certezas inabaláveis, de indignações performáticas e seletivas, livros como os cinco da nossa lista, que provocam desconforto sem escandalizar, são monumentos à resistência e à vida ela mesma.