Autor: Giancarlo Galdino

Ao falar da necessidade de autoconhecimento para a consequente aceitação de si mesmo, em “Outside In” (2018), Lynn Shelton (1965-2020), se vale do roteiro, desenvolvido em parceria com Jay Duplass, o protagonista do longa, para elaborar possíveis respostas para o fracasso do amor, mesmo quando correspondido. Primeiro (e último drama) de Shelton, famosa pelos besteiróis “O Dia da Transa” (2009) e “A Irmã da sua Irmã” (2012), o filme, no acervo da Netflix, fala do sentimento amoroso com rara honestidade, para a qual nem todo mundo está preparado.

Um dos papéis da arte — e do cinema, sobretudo — é resgatar as tantas narrativas que restam perdidas no tempo, todas elas dotadas de curiosidades, detalhes pitorescos, não raro de importância histórica invulgar. “A Batalha Esquecida” (2020), filme do diretor holandês Matthijs van Heijningen Jr., se debruça sobre os combates no estuário do rio Escalda, na cidade belga de Antuérpia, centrais quanto a tornar possível bater as tropas de Adolf Hitler (1889-1945) nos Países Baixos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Transpassado por questões sociais de vulto, como o fluxo de emigrantes para a Europa, “O Que Ficou Para Trás” (2020), primeira experiência de Remi Weekes como diretor e no acervo da Netflix, se vale do terror pincelado por ficção científica a fim de se estender sobre a tétrica condição por que passam refugiados em todo o mundo. Um tema que deveria ser motivo de inquietação para todas as sociedades ditas civilizadas.