Autor: Fernando Machado

Quando o declínio das ilusões confronta um homem de sucessos incontestáveis e desejos inexplorados, uma realidade mais complexa se revela. Tal é o fio condutor de “Drive My Car”, filme de Ryûsuke Hamaguchi que contém elementos do teatro clássico e nuances do cotidiano em uma narrativa sobre perda, autoconhecimento e as sombras internas que todos enfrentamos. Inspirada em um conto de Haruki Murakami, a história se desdobra em camadas de emoção e reflexão.

Desde a primeira cena, o desconforto envolve “Os Suspeitos”, destacando-se como um dos thrillers mais envolventes dos últimos dez anos. Antes de criar “A Chegada”, Denis Villeneuve já explorava temas de domínio e subjugação em filmes marcantes, habilmente utilizando linguagem sutil e performances profundas. A narrativa entrelaça a vida de Keller Dover, interpretado por Hugh Jackman, cuja masculinidade e vulnerabilidade são exploradas ao longo do filme.

O cinema de terror, explorado com perspicácia por Paco Plaza em “Irmã Morte”, apresenta uma oportunidade de revisitar e questionar a nossa percepção de mundo, costumes e existência. Utilizando o sobrenatural como metáfora para os recessos mais sombrios da alma humana, a narrativa desvenda os desafios à compreensão e domínio humanos. No filme, Plaza desconstroi clichês típicos do gênero, mantendo uma postura de observador neutro diante dos conflitos que explora.

Em “Um Dia de Chuva em Nova York”, Woody Allen tece ao longo de noventa minutos, diversas referências a ícones culturais do século 20 que exaltaram Nova York como um lugar de encontros e desencontros amorosos. Ao fazer isso, ele imbui seu filme com a vibração de uma era que parece eterna, apesar de, como sempre, ressaltar a necessidade de nos adaptarmos ao tempo presente.