Prepare-se para sorrir e se emocionar: em menos de 120 minutos, esta pérola da Netflix pode mudar o seu dia Divulgação / A24

Prepare-se para sorrir e se emocionar: em menos de 120 minutos, esta pérola da Netflix pode mudar o seu dia

No filme de Mike Mills, “Mulheres do Século 20”, a juventude de Jamie (Lucas Jade Zumann) se desenvolve em meio às influências de três mulheres que desconstroem paradigmas sociais. Dorothea (Annette Bening), sua mãe de 50 anos, carrega a marca de uma geração formada pela Grande Depressão. Como mãe solteira de mentalidade avant-garde, ela desafia os padrões tradicionais de educação e liberdade juvenil.

Dorothea adota métodos pouco ortodoxos para criar Jamie: incentiva-o a ter uma conta bancária, permite suas ausências escolares e o expõe a um nível de autonomia raro para a época. Contudo, à medida que Jamie amadurece, a distância entre eles cresce. Preocupada com as lacunas que são inevitáveis entre gerações, Dorothea pede ajuda a Abbie (Greta Gerwig) e Julie (Elle Fanning) para explorar temas delicados que ele evita compartilhar com ela.

Abbie, uma fotógrafa de 30 anos que enfrenta um diagnóstico de câncer de útero, personifica o conflito entre independência e vulnerabilidade. Sua experiência em Nova York contrasta com a monotonia da vida na Califórnia, despertando nela o desejo de voltar à agitação urbana. Por outro lado, Julie, a confidente de Jamie, carrega a complexidade de uma amizade não correspondida que baliza suas experiências afetivas.

Em um contexto dos anos 1970, marcado por convulsões culturais e debates sobre feminismo, sexualidade e capitalismo, Jamie é moldado por essas mulheres. Enquanto seus pares valorizam aparências e superficialidades, ele navega por questões profundas, discutindo orgasmo feminino, liberdade sexual e normas sociais em debates organizados por Dorothea. Essas interações o tornam mais empático e introspectivo.

Mike Mills baseia-se em sua própria história e na relação com sua mãe para criar personagens complexos e realistas. Dorothea, por exemplo, reflete a luta de uma mulher para compreender um mundo em constante mudança, recusando-se a aceitar os limites impostos por seu tempo. Sua busca por conexões significativas com Jamie é uma janela para os desafios da maternidade progressista.

A narrativa também aprofunda-se na trajetória de Abbie, cuja liberdade é contestada pela fragilidade da saúde, e de Julie, que equilibra o despertar sexual com a complexidade da amizade. Juntas, essas figuras tecem um mosaico de experiências femininas que desafiam convenções e ressoam em um adolescente em formação.

A trilha sonora captura o espírito dos anos 1970, com músicas de Talking Heads e David Bowie, transportando o espectador para a efervescência cultural da época. Cada detalhe cenográfico é meticulosamente concebido para recriar o período, desde os carros até os objetos decorativos da casa de Dorothea.

Mais do que uma história de amadurecimento, “Mulheres do Século 20” celebra os vínculos humanos e a diversidade das experiências femininas. É um filme que questiona, emociona e desafia o público a repensar as estruturas que moldam nossa percepção de liberdade, amor e identidade.

Filme: Mulheres do Século 20
Diretor: Mike Mills
Ano: 2016
Gênero: Comédia/Drama
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★