235 dias em todas as tevês: sequência de sucesso de ação com Denzel Washington está na Max Divulgação / Columbia Pictures

235 dias em todas as tevês: sequência de sucesso de ação com Denzel Washington está na Max

Robert McCall desapareceu das vistas do mundo, mas não abandonou sua missão. Agora, refugiado em uma pitoresca vila da Sicília, sua aparente calmaria esconde o prelúdio de uma tempestade moral e violenta. “O Protetor: Capítulo Final”, dirigido por Antoine Fuqua, se inicia com uma das sequências mais impactantes do cinema recente, ecoando a brutalidade emocional do segundo filme, em que Susan Plummer, a amiga fiel e antiga colega de McCall, foi cruelmente assassinada durante uma investigação na Bélgica. 

Desta vez, Fuqua transporta o icônico vigilante para o sul da Itália, um cenário marcado por sua beleza contrastante e pela escuridão de um esquema de escravização de imigrantes. O diretor, em colaboração com seu ator de confiança, Denzel Washington, eleva a intensidade das ações, entregando um McCall ainda mais complexo e implacável, mas igualmente humano.  

Washington encarna McCall com um frescor surpreendente, revelando nuances que o público não esperava. Embora ainda determinado a extirpar a escória do mundo, há um desejo palpável de aproveitar os momentos simples, de respirar além das sombras que o cercam. Mas como conciliar essa dualidade em um mundo que parece cada vez mais entregue ao caos? Se vivêssemos em um lugar onde justiça e responsabilidade fossem regra, personagens como McCall talvez fossem desnecessários. Porém, na realidade onde a criminalidade prolifera, ele se torna uma presença quase inevitável. Seus métodos, indiscutivelmente extremos, levantam a questão: quem pode ignorar o avanço das drogas e da violência sem sentir o peso da omissão?  

A narrativa explora essa tensão, oferecendo momentos de ação calculada e reflexões amargas. McCall age com eficiência letal, como quando liquida um grupo de mafiosos com precisão cirúrgica, recuperando de um dos corpos a chave para seus próximos passos. Esse simbolismo ressoa ao longo do filme, mostrando que, embora suas ações possam ser questionáveis, seus objetivos são claros: restabelecer um equilíbrio, mesmo que ao custo de sua própria paz.  

O roteiro, assinado por Richard Lindheim, Michael Sloan e Richard Wenk, prioriza a humanidade das relações, em especial a amizade de McCall com Khalid, um jovem marroquino refugiado. Khalid é o espelho da vulnerabilidade, um trabalhador à mercê de um sistema que não lhe garante nada. Sua interação com McCall não é apenas comovente, mas também revela a natureza protetora do protagonista, disposto a lutar por aqueles que não podem. Dakota Fanning retorna como Emma Collins, agora uma mulher forte, cuja conexão com McCall oferece respiros emocionais antes que a trama seja novamente tragada pela intensidade da narrativa.  

Fuqua conduz a história com mão firme, mantendo a tensão enquanto introduz uma nova ameaça: uma célula terrorista em Nápoles que trafica uma droga perigosa pela Europa. Embora a estrutura narrativa siga fórmulas conhecidas, a execução é eficaz. O público encontra o que esperava: ação, emoção e a incansável busca por justiça de McCall. É previsível? Talvez. Mas também é irresistivelmente envolvente.  

“O Protetor: Capítulo Final” não é apenas o encerramento de uma saga; é uma reflexão sobre as sombras que habitam cada sociedade e sobre o preço que pagamos ao ignorá-las. E McCall, em sua jornada final, não deixa dúvidas: há batalhas que só podem ser travadas por aqueles dispostos a enfrentar o pior, mesmo quando isso significa sacrificar sua própria redenção.

Filme: O Protetor: Capítulo Final
Diretor: Antoine Fuqua
Ano: 2023
Gênero: Ação/Crime
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★