Filmes de ação, quando bem articulados, podem transcender as limitações das cenas brutais para explorar dimensões mais complexas e reflexivas. Quando elementos políticos são inseridos estrategicamente, temas profundos se tornam acessíveis, despertando emoções inesperadas. Contudo, a ideia de que qualquer um pode resolver crimes ou combater injustiças sem preparo é ilusória e perigosa. Mesmo uma breve espera pode gerar uma desconfiança que motiva a colaboração cidadã, algo saudável do ponto de vista cívico. Entretanto, quando essa desconfiança é o único recurso de uma população marginalizada e oprimida, a paciência, um valor essencial para a coexistência pacífica, torna-se um luxo raro e necessário. Resgatar essa virtude é um desafio de cada indivíduo para garantir a sobrevivência e a harmonia social.
“Esquadrão 6” (2019), sob a direção de Michael Bay, desafia as expectativas ao mesclar influências de “Missão: Impossível” e “Velozes e Furiosos” com toques de outros clássicos do gênero, criando ainda suas próprias teorias políticas, por mais excêntricas que pareçam. O filme se destaca pelas cenas intensas de ação, perseguições eletrizantes e uma abundância de figuras femininas que, juntas, conferem uma camada humana a um enredo naturalmente árido. As piadas ácidas, a abordagem leviana de temas sérios e a subversão do tempo e do espaço são recursos deliberados que preservam o tom satírico do filme, que flerta com a crítica sociopolítica de forma perspicaz e oportuna.
O personagem central, vivido por Ryan Reynolds, é um bilionário excêntrico que simula a própria morte para operar nas sombras, liderando um esquadrão de mercenários que executam missões negligenciadas por governos, encarnando uma metáfora apocalíptica. O objetivo do grupo é destituir o tirano governante do fictício Turgistão, uma nação que amalgama elementos de várias regiões islâmicas. O plano de ataque, liderado pelo próprio Reynolds, ao lado de uma agente dupla da CIA (Mélanie Laurent), um assassino profissional (Manuel Garcia-Rulfo), um perito em operações aéreas (Ben Hardy), uma vigarista de habilidades obscuras (Adria Arjona), um motorista habilidoso (Dave Franco) e um atirador traumatizado (Corey Hawkins), resulta em um caos desenfreado e em explosões devastadoras, refletindo a complexidade moral de decisões extremas.
“Esquadrão 6” desafia as convenções ao transformar o absurdo em entretenimento de alta voltagem. Mesmo quando se arrisca nas turbulentas águas da sátira política, o filme mantém-se coeso, oferecendo uma experiência vibrante e inesperadamente crítica. É um espetáculo de exagero, mas, acima de tudo, é puro entretenimento, e isso é o que realmente importa.
Filme: Esquadrão 6
Direção: Michael Bay
Ano: 2019
Gêneros: Ação/Suspense
Nota: 8/10