“Closer: Perto Demais” é um filme dirigido por Mike Nichols e lançado em 2003, frequentemente associado à teoria da liquidez das relações de Zygmunt Bauman. Essa teoria aborda a fragilidade e a instabilidade das conexões humanas na sociedade contemporânea. Na época de seu lançamento, o filme gerou uma mistura de críticas e elogios, destacando-se por sua representação menos idealizada e mais autêntica dos relacionamentos amorosos. Nichols, ao adaptar a peça de Patrick Marber, ofereceu uma visão crua e direta sobre a natureza humana e as interações românticas.
Se você ainda não assistiu ao filme, é importante saber que não se trata de uma história tradicional de suspense ou violência. Contudo, ele não deixa de provocar e surpreender. Os diálogos são marcantes, muitas vezes carregados de um linguajar agressivo e chocante. Nichols não se esquiva de desafiar convenções, abordando temas polêmicos e retratando as mulheres de maneira controversa.
No enredo, elas são frequentemente apresentadas em posições de vulnerabilidade ou como instrumentos de prazer em dinâmicas sexuais controladas por homens poderosos. Esses homens parecem deter a maioria das cartas nas relações, embora as mulheres, apesar de ocasionalmente retratadas como frágeis e impulsivas, também demonstrem comportamentos tóxicos e egoístas.
A história gira em torno de dois casais: Dan (interpretado por Jude Law) e Alice (Natalie Portman), além de Larry (Clive Owen) e Anna (Julia Roberts). Dan é um escritor de obituários que inicia um romance com Alice, uma jovem que recentemente deixou para trás um relacionamento complicado em Nova York. Eles se conhecem de maneira inesperada, quando Alice é atropelada por um táxi, e acabam se apaixonando. Um ano depois, Dan, agora autor de um livro, tem sua foto de capa tirada por Anna, que está em um relacionamento com Larry, um médico. A trama se complica com traições e reencontros, quando Dan e Anna se envolvem, e Larry e Alice desenvolvem uma conexão inesperada.
O comportamento das personagens femininas, Alice e Anna, é particularmente intrigante. Ambas são retratadas com profundidade e independência, mas acabam se envolvendo em jogos de poder conduzidos pelos homens. Dan e Larry, por sua vez, parecem estar em uma constante busca por vingança, usando as mulheres que supostamente amam como peões em seus próprios jogos emocionais. Isso levanta questões sobre a veracidade de relacionamentos fundamentados em atitudes de crueldade e retaliação, como é apresentado em “Closer: Perto Demais”.
Apesar das críticas, o filme trouxe uma nova perspectiva para o gênero dos romances, optando por uma abordagem mais realista e menos idealizada. Ele explora uma gama complexa de emoções que compõem os relacionamentos, como frustração, dor, raiva, decepção e desejo. Ao invés de perpetuar o conceito de “felizes para sempre”, a narrativa expõe as dificuldades e desafios dos relacionamentos amorosos.
Disponível na Netflix, “Closer: Perto Demais” pode não ser o típico filme romântico, mas oferece uma análise profunda e necessária sobre a realidade dos relacionamentos. Em 2003, o tema da responsabilidade afetiva ainda não era amplamente discutido, e o filme ressalta a falta de responsabilidade emocional de seus personagens. A arte é sempre sujeita a diferentes interpretações ao longo do tempo, e este filme continua a ser uma fonte de reflexão sobre a natureza do amor e das conexões humanas.
Assistir ao filme hoje é uma oportunidade de introspecção, um convite para refletir sobre nossos próprios comportamentos e expectativas nos relacionamentos. “Closer: Perto Demais”, na Netflix, se estabeleceu como um novo clássico do gênero, mostrando que o amor pode ser tão doloroso quanto gratificante e que a jornada dos relacionamentos é cheia de altos e baixos.
Filme: Closer: Perto Demais
Direção: Mike Nicholls
Ano: 2003
Gênero: Romance/Drama
Nota: 9/10