Anthony Minghella foi um diretor cuja carreira, embora breve, deixou uma marca significativa. Começando em 1978, ele dirigiu apenas sete filmes até sua morte em 2008, mas cada um deles foi cuidadosamente realizado. Entre suas obras notáveis estão “Um Romance de Outro Mundo”, “O Paciente Inglês” e “Cold Mountain”. Um dos mais destacados é “O Talentoso Ripley”, de 1999, que recebeu cinco indicações ao Oscar. Minghella já havia conquistado a estatueta de Melhor Diretor por “O Paciente Inglês” em 1997.
Matt Damon, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original por “Gênio Indomável”, iniciou sua trajetória em 1988 com pequenos papéis, muitos dos quais nem creditados. Com quase 100 filmes no currículo, ele ganhou notoriedade em “O Homem Que Fazia Chover”, um suspense lançado no mesmo ano de “Gênio Indomável”, que ele coescreveu e estrelou junto com Ben Affleck. Após esse ponto de virada, Damon viu sua popularidade crescer, sendo escalado para papéis de destaque. Ele trabalhou em “O Resgate do Soldado Ryan” de Steven Spielberg, “Cartas na Mesa” de John Dahl, e “Dogma” de Kevin Smith, antes de assumir o papel principal em “O Talentoso Ripley” de Minghella.
Ambientado nos anos 1950, o filme narra a história de Tom Ripley (Damon), um pianista pobre em Nova York, que, após chamar a atenção de um milionário ao usar um casaco emprestado com o emblema de Princeton, é contratado para ir à Itália resgatar o filho playboy desse milionário. Ripley nunca frequentou Princeton, tendo trabalhado lá como afinador de pianos, mas aproveita o mal-entendido para ganhar confiança.
Dickie Greenleaf (Jude Law), o filho do milionário, leva uma vida de luxo na Europa com sua namorada Marge (Gwyneth Paltrow). Ele acolhe Ripley em seu círculo, desfrutando de uma vida regada a festas, jazz e viagens. Ripley, com sua habilidade para imitar e mentir, observa atentamente Dickie, adotando seus gostos musicais e comportamentos.
A Itália no filme é retratada através dos olhos de Ripley, como um lugar de verão eterno e cultura vibrante, em contraste com a Nova York cinzenta e sem vida. Ripley se vê imerso em um sonho. Quando Freddie (Philip Seymour Hoffman), amigo de Dickie, desconfia das intenções de Ripley, Dickie começa a afastá-lo. Em uma discussão durante um passeio de barco, Ripley mata Dickie em um acesso de raiva e decide assumir sua identidade para usufruir de sua vida na Europa, enquanto tenta escapar das investigações de Marge e Freddie.
O roteiro, adaptado por Minghella do romance de Patricia Highsmith, explora a complexidade de Ripley, um homem culto, sensível e ambicioso, mas também solitário e manipulador. Sua aparência e modos gentis escondem uma natureza calculista, fazendo com que suas vítimas confiem nele. Ripley é um ator nato, vivendo melhor na pele dos outros do que na sua própria.
“O Talentoso Ripley”, na Netflix, é uma das grandes realizações de Minghella, indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator Coadjuvante e outras três categorias. Em 2002, o filme ganhou uma sequência dirigida por Liliana Cavani, com John Malkovich como Ripley, embora sem o mesmo sucesso de crítica.
Este filme nos conduz por uma jornada pela psique humana, revelando inseguranças e inquietações que nos fazem questionar a confiança que depositamos nos outros. Ripley, com seu charme discreto, personifica a capacidade de manipulação e a fragilidade das aparências, oferecendo um retrato perturbador de um homem que vive para enganar.
Filme: O Talentoso Ripley
Direção: Anthony Minghella
Ano: 1999
Gênero: Suspense/Drama
Nota: 10