Suspense baseado em best-seller com 1 milhão de cópias vendidas no mundo é o mais visto do momento na Netflix Divulgação / Aurum Film

Suspense baseado em best-seller com 1 milhão de cópias vendidas no mundo é o mais visto do momento na Netflix

Baseado no romance homônimo de 2019, “As Cores do Mal: Vermelho”, escrito por Małgorzata Oliwia Sobczak, o longa-metragem de Adrian Panek é bastante similar a alguns filmes norte-americanos do gênero. Inspirado na trilogia das Três Cores, filmes lançados na década de 1990 por Krzysztof Kieślowski, cada um dos quais era acompanhado por subtítulos que traziam as cores da bandeira francesa: azul, vermelho e branco, e narravam histórias que tinham relação com a representação de cada cor. Assim, espera-se que o sucesso polonês também se torne uma trilogia, ainda sem previsão sobre enredo ou elenco.

O longa começa com a jovem atraente, confiante e carismática Monika (Zofia Jastrzebska) entrando em uma boate com seu amigo tímido Mario (Jan Wieteska). Ele está com um calçado considerado inadequado para entrar no clube, mas Monika facilmente convence o segurança a deixá-lo entrar. Eles aparecem felizes e dançantes até que Monika vai até o bar e oferece seus serviços de bartender para o gerente, que pergunta por que deveria contratá-la. Direta, ela diz que os caras fariam fila para comprar bebidas e drogas se ela estivesse atendendo. A autoconfiança exalante de Monika rapidamente o persuade. Corta para a próxima cena, e os dois estão fazendo sexo em um loft subterrâneo. Em seguida, vemos o corpo nu de Monika abandonado na praia. Para o espectador, a impressão é que o homem no bar a matou e desovou no local. No entanto, o que se desenrola é uma intricada trama cheia de reviravoltas que conduzirá ao verdadeiro assassino.

Leopold Bilski (Jakub Gierszal) é um jovem promotor disposto a seguir as regras até o fim para pegar o verdadeiro criminoso. No entanto, o sistema de justiça parece desleixado o suficiente para culpabilizar o alvo mais fácil. Depois que Bilski descobre que uma mulher foi morta há 15 anos sob o mesmo modus operandi, o condenado pelo crime anterior e noivo da moça, Jakubiak (Szymon Czacki), se torna o principal suspeito. No entanto, conforme os fatos vão se revelando, fica claro que Jakubiak não passa de um alvo fácil de culpar. Mas quanto mais Bilski tenta escavar a verdade, mais irrita seu mentor, que quer encerrar o caso. Por outro lado, a mãe de Monika, Helena (Maja Ostaszewska), que trabalha no judiciário, também decide arregaçar as mangas e enfrentar pessoas perigosas para investigar o que houve com sua filha. As descobertas dos dois, em conjunto, os conduzem cada vez mais perto da verdade.

Cena após cena, nos é revelada a profundidade da história. O fato é que os eventos não ocorreram na sequência apresentada no começo do filme, e Monika acaba desenvolvendo um relacionamento com o gerente do bar, que trabalha para um perigoso chefe do tráfico chamado Kazar (Przemyslaw Bluszcz). Desconfiado de que está sendo enganado por um dos capangas, Kazar assassina friamente um deles na frente de Monika. A jovem se torna uma obsessão deste homem, sofrendo, inclusive, abusos sexuais.

Mesmo assim, quanto mais a história avança, mais reviravoltas nos atingem como um golpe direto no olho, mostrando que, se não ficarmos atentos aos detalhes, perderemos fatos importantes.

O filme de Panek mantém o espectador na ponta da cadeira, entrelaçando tensão e mistério de maneira magistral. A construção dos personagens é profunda e multifacetada, cada um deles carregando suas próprias motivações e segredos. Monika, com sua mistura de vulnerabilidade e força, se destaca como a peça central de um quebra-cabeça sombrio e complexo. Bilski, por sua vez, é retratado como um homem de princípios, lutando contra um sistema corrompido enquanto busca justiça para Monika e redenção para si mesmo.

Além disso, a fotografia do filme é de tirar o fôlego, capturando a beleza e a desolação dos cenários poloneses com uma precisão quase poética. As cores, assim como no trabalho de Kieślowski, são usadas de maneira simbólica para acentuar emoções e temas, com o vermelho predominando como um símbolo de paixão, violência e mistério.

“As Cores do Mal: Vermelho”, na Netflix, é mais do que um simples thriller; é uma exploração profunda das complexidades humanas e das sombras que todos carregamos. A narrativa habilmente tecida de Panek nos desafia a questionar nossas percepções e a procurar a verdade além das aparências superficiais. Para aqueles que apreciam um filme que estimula tanto a mente quanto os sentidos, este é um deleite imperdível.


Filme: As Cores do Mal: Vermelh
Direção: Adrian Panek
Ano: 2024
Gênero: Policial/Drama/Suspense
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.