Ganhador do Oscar que arrecadou 1,5 bi de dólares nas bilheterias e levou cerca de 200 milhões de pessoas aos cinemas está na Netflix Scott Garfield / Paramount Pictures

Ganhador do Oscar que arrecadou 1,5 bi de dólares nas bilheterias e levou cerca de 200 milhões de pessoas aos cinemas está na Netflix

Não se pode ignorar a nostalgia que envolve a ressurreição de um grande clássico cinematográfico do passado. Enquanto uma torrente constante de lançamentos inunda os cinemas ano após ano, há sempre um desejo latente de reviver os feitos marcantes de outrora. “Top Gun: Maverick” emerge nesse cenário, respaldado por elogios e justificando cada centavo dos 170 milhões de dólares investidos ao longo de mais de três anos de produção. Joseph Kosinski, à semelhança de Tony Scott (1944-2012), o diretor do filme original, reúne um elenco e equipe talentosos para dar vida a essa nova jornada.

Em 1986, grande parte do apelo de “Top Gun” recaía, sem dúvida, sobre Tom Cruise. Seu papel como Pete “Maverick” Mitchell é mais uma prova do talento multifacetado do ator, que se estabeleceu como uma das figuras mais reconhecíveis e rentáveis de Hollywood. Em “Maverick”, Cruise, agora na casa dos sessenta anos, continua a personificar a bravura e o carisma do piloto intrépido, navegando pelos céus em aeronaves cujo valor excede o orçamento de muitos países, e, em terra firme, mantendo seu magnetismo, seja entre homens ou mulheres.

O roteiro, assinado por Jim Cash, Peter Craig e Jack Epps Jr., reintroduz Maverick de forma espirituosa, aceitando o desafio de testar um novo avião da Marinha americana. Seu objetivo é atingir e manter uma velocidade específica, uma tarefa até então inédita. Contudo, quando Maverick se vê tentado a ultrapassar os limites impostos por seus superiores, acaba por falhar de forma catastrófica, enfrentando as consequências e sendo enviado de volta à escola de formação de pilotos de elite, a Top Gun.

Antes mesmo de retornar à academia, o filme dedica um tempo considerável para mostrar Maverick em seu ambiente cotidiano, desde um diner no meio-oeste americano até os corredores de um bar repleto de novatos militares. A presença de Penny Benjamin, interpretada com graça por Jennifer Connelly, destaca o papel das mulheres na trama, algo que também se destacava no filme original.

À medida que Maverick reassume seu papel de instrutor na Top Gun, o filme revisita momentos marcantes do passado, particularmente a tragédia envolvendo Goose, interpretado por Anthony Edwards. O filho de Goose, Rooster, interpretado de forma excelente por Miles Teller, torna-se um dos alunos de Maverick, e é a dinâmica entre esses personagens que sustenta os 130 minutos de projeção. No entanto, para aqueles que não compartilham da nostalgia dos anos 80, algumas cenas podem parecer anacrônicas, como a repetição de homens adultos jogando vôlei de praia em um momento de alívio cômico.

A verdadeira magia de “Top Gun: Maverick” reside na maneira como ele resgata elementos familiares da narrativa original e os entrelaça com uma abordagem contemporânea. A interação entre os personagens mais jovens e o próprio Maverick adiciona uma dimensão emocional profunda à história, especialmente quando confrontados com os fantasmas do passado.

O filme não se limita a ser uma mera sequência; ele busca expandir e enriquecer o universo estabelecido pelo seu antecessor. Ao mesmo tempo, mantém-se fiel aos temas centrais de coragem, amizade e sacrifício que fizeram do original um sucesso duradouro.

A direção habilidosa de Kosinski e a performance cativante de Cruise garantem que “Top Gun: Maverick”, na Netflix, seja uma experiência cinematográfica envolvente e emocionante. O filme não apenas homenageia o legado de seu predecessor, mas também oferece uma história convincente e relevante para o público contemporâneo.


Filme: Top Gun: Maverick
Direção: Joseph Kosinski
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10