Último dia para assistir na Netflix: o filme com Denzel Washington que você vai querer ver duas vezes Divulgação / Sony Pictures

Último dia para assistir na Netflix: o filme com Denzel Washington que você vai querer ver duas vezes

A apreciação de um longa-metragem pelo grande público frequentemente se distancia dos critérios de sucesso tradicionalmente aceitos. Com frequência, percebe-se que filmes de maior profundidade e significado tendem a alcançar um público restrito. Esse fenômeno pode ser interpretado de maneiras variadas, dependendo da perspectiva adotada, podendo inclusive levar a análises pessimistas ou até mesmo a teorias conspiratórias.

Estas últimas, frequentemente pintam cenários dramáticos de conflitos contínuos, pobreza e escassez em todas as frentes, uma representação hiperbólica que, embora possa parecer exagerada, instiga uma reflexão crítica. Filmes que exploram essas narrativas desafiadoras captam a atenção de sua audiência de forma notável, necessitando apenas de uma abertura por parte dos espectadores para demonstrar sua capacidade de engajar até os mais céticos. Ao término da experiência, o espectador é frequentemente deixado com a gratificante sensação de ter investido seu tempo em uma obra de arte verdadeiramente impactante.

“O Livro de Eli” se destaca por diversas cenas memoráveis, especialmente aquelas onde o protagonista, interpretado de forma intensa e inquietante por Denzel Washington, revela camadas complexas de seu personagem. Lançado em 19 de março de 2010, o filme marcou a carreira dos diretores Albert e Allen Hughes, que demonstraram uma habilidade notável tanto na estética visual quanto na construção da trama, amplamente enriquecida pelo roteiro de Gary Whitta. O filme provoca uma introspecção profunda no espectador, incitando reflexões sobre a própria vida, as escolhas feitas e os caminhos não trilhados. Ele evoca emoções intensas, desde a perda de palavras até lágrimas incontidas, à medida que a narrativa se desenrola.

Eli, o protagonista, é um viajante solitário vagando por uma América devastada por guerras e desastres naturais. Armado apenas com um livro que carrega consigo como um tesouro, ele enfrenta diversos desafios em sua jornada pelo oeste, em busca de um destino incerto. O personagem de Washington, marcado pela resiliência e pela força de suas convicções, enfrenta adversários que buscam detê-lo, recorrendo a suas habilidades de combate e a um arsenal improvisado para proteger seu precioso livro. A ação intensa do filme, pontuada por confrontos físicos que se intensificam ao longo da trama, contribui para o apelo popular do filme, sem ofuscar seu substrato filosófico.

A cinematografia do filme, dominada por tons sépia que evocam um sentimento de desolação, contribui significativamente para sua atmosfera única, evocando comparações inevitáveis com a série “Mad Max”. Contudo, “O Livro de Eli” estabelece sua identidade única graças ao talento combinado de Washington e dos irmãos Hughes. O filme também se destaca pelas atuações, particularmente a de Gary Oldman como o antagonista Carnegie, e a interação entre Eli e as personagens Solara e Claudia, interpretadas respectivamente por Mila Kunis e Jennifer Beals, acrescentando camadas de complexidade à narrativa.

Conduzido pelos irmãos Hughes, “O Livro de Eli” conclui mantendo sua essência distópica, destacando-se como uma narrativa excepcional que, apesar de explorar temas recorrentes, serve como uma metáfora elaborada sobre o fim dos tempos e a fé na humanidade. Este filme sublinha a importância de se apoiar nas pessoas corretas para evitar a ruína total, uma tarefa muito mais desafiadora do que pode parecer à primeira vista.


Livro: O Livro de Eli
Direção: Albert e Allen Hughes
Ano: 2010
Gênero: Ação/Aventura
Nota: 9/10