Direção de estreia de Mario Casas, drama shakespeariano acaba de chegar na Netflix Divulgação / Nostromo Pictures

Direção de estreia de Mario Casas, drama shakespeariano acaba de chegar na Netflix

O ator espanhol Mario Casas é um nome conhecido do público, com obras especialmente populares na Netflix, como “Um Contratempo” e “O Fotógrafo de Mauthausen”. Com uma longa carreira na atuação, ele decidiu se arriscar, recentemente, na direção, em seu longa de estreia “Minha Solidão Tem Asas”, que Mario coescreveu com Déborah François. O irmão de Mario, Óscar Casas, interpreta o protagonista, Dan, um jovem marginal que vive dias de intransigência e rebeldia em boates e cometendo furtos a joalherias ao lado de seus dois melhores amigos, Reno (Farid Bechara) e Vio (Candela González).  Mas, ele também tem um talento especial. Dan é um artista do graffite, que sonha em se mudar para Berlim e se dedicar à sua arte.

Com traumas do passado que espreitam para atormentar-lhe a alma, basta que algumas coisas deem errado para Dan para que seu estado emocional fique à beira de um colapso. Um roubo que dá errado e o retorno do pai violento e ausente de Dan desperta demônios do passado, enquanto o grupo precisa se ausentar de seu bairro até que a poeira baixe.

Mario Casas ressuscita o gênero Quinqui, popular no cinema espanhol durante os anos 1970 e 1980, que explora histórias de jovens social e financeiramente desfavorecidos, marginalizados e rebeldes, que cometem delitos e buscam por redenção, enquanto são engolidos pelo sistema que foi feito para quebrá-los. Embora tente fazer uso da estética e estilo de escrita do gênero para demonstrar conhecimento e profundidade, “Minha Solidão Tem Asas” de Mario Casas não é um filme memorável, nostálgico ou cativante.

O roteiro revisa velhos clichês e a construção dos personagens não faz com que nos sintamos conectados a eles ou apegados às suas histórias e conflitos. Não há nada de especial que o torne particularmente interessante. Apesar de a trama em torno do protagonista ter intenção de ser densa e comovente, não nos sentimos vinculados às emoções do personagem.

Mario Casas tem experiência e know-how com cinema, mas talvez sua incursão pela direção esteja em um momento bastante experimental. Não parece um trabalho feito de coração, mas uma tentativa de forçar emoções nos espectadores. Óscar é um jovem talento com um futuro promissor e deve aparecer em trabalhos mais relevantes daqui para frente. Já Mario não precisa provar nada para ninguém, apenas para si mesmo. Com uma carreira consolidada como ator, sua ambição é desafiar-se a si próprio e provar para si mesmo que é capaz de mais. E ele é. Lembre-se: este é apenas um primeiro trabalho e Mario tem o privilégio de poder se arriscar em romances adolescentes.

“Minha Solidão Tem Asas” é um passatempo, se você não se importa de passar o tempo com romances baixo-astral. É melancólico e shakespeariano. As atuações são boas, mesmo com pouco potencial nos personagens. A direção de Mario Casas é regular, correta. O problema pega é em exageros e superficialidades do texto. Além disso, a história não mantém o ritmo e vai despencando no caminho.


Filme: Minha Solidão Tem Asas
Direção: Mario Casas
Ano: 2023
Gênero: Drama/Romance
Nota: 7/10