Narrador de novo romance de Ian McEwan, ‘Numa Casca de Noz’, é um feto Philip Roth versus Ian McEwan

Narrador de novo romance de Ian McEwan, ‘Numa Casca de Noz’, é um feto

Um dos mais importantes escritores ingleses fala de terrorismo, afirma que o Brexit pode perder força, sugere que o Reino Unido não deve sair da União Europeia e garante que não é leitor das críticas sobre seus livros

O escritor inglês Ian McEwan lança novo romance — “Nutshell” (208 páginas) — em setembro. O título é inspirado em “Hamlet”, de Shakespeare. O livro será lançado simultaneamente na Inglaterra, Estados Unidos e Portugal. No último país, deve sair com o título de “Numa Casca de Noz”, pela Editora Gradiva. O jornal português “Diário de Notícias” enviou o jornalista João Céu e Silva para entrevistá-lo.

Na apresentação, João Céu relata que a mulher do autor de “Re­paração”, ao saber que seria entrevistado, ficou “horrorizada”. “Só respirou de alívio quando soube que” o repórter era de Portugal. A imprensa inglesa, critica o escritor, não tem respeito pela vida privada. Ele confidenciou que cozinha bem: “O meu fish stew é muito bom. Faço à francesa, quase como uma bouillabaisse, mas também gosto de confeccionar com leite de coco e muitas especiarias”.

Os livros de Ian McEwan têm, em geral, títulos curtos: “Reparação”, “Sábado”, “Amsterdam”, “Solar”, “Expiação”. “Quando tinha o livro pronto para imprimir, dei-o a ler a um amigo que mora aqui perto, o historiador Timothy Gardon Ash. A única coisa que não concordava era o título. Que inicialmente era ‘A Expiação’. Ele não gostava e veio ter comigo para me convencer a retirar o ‘A’. Explicou-me as razões e ajoelhou-se a implorar que o fizesse. Tão pressionado pela sua opinião, aceitei alterar o título. Se Timothy não se tivesse ajoelhado aqui no carpete, teria cometido um erro porque ‘Expiação’ é muito mais forte.”

A publicidade da editora inglesa diz que o romance “Nutshell” (literalmente “Casca de Noz”) conta “uma história clássica de assassínio e enganos”. João Céu pergunta se concorda com a fórmula. “Foi-me explicado que não queriam revelar que era um livro em que o narrador é um feto, portanto deram a volta e resumiram assim. Posso garantir que não seria o primeiro resumo para o livro a vir-me à cabeça, mas foi o que decidiram.”

As partes eróticas de “Numa Casca de Noz” passam pelo “crivo puritano americano”?, inquire o entrevistador. “Essa situação nunca me aconteceu até agora nos Estados Unidos, mas durante muito tempo costumava existir uma versão com as expressões americanizadas. Eles têm a ideia de que já ninguém entenderia qualquer coisa diferente. Como ‘pavement’ em vez de ‘sidewalk’ [calçada]. É uma visão de um país que se olha como um império”.

João Céu sugere que a parte em que os personagens Trudy, grávida, e o amante, Claude, “têm relações sexuais”, com o bebê sentindo “o pênis perto”, tende a ser “suavizada” pelos americanos. Ian McEwan concorda: “Pode estar certo, mas como é o que está no livro eu não autorizaria que fosse retirada”.

O livro passa uma mensagem antiaborto? “Se o feto pensa, até é o narrador, algumas pessoas poderão utilizar o livro como argumentário antiaborto”, aduz o repórter. “Para ser completamente sincero, isso nunca me passou pela cabeça. De fato, nem passou pelo pensamento que pudesse existir um aborto porque é demasiado tarde. Ele está para nascer quinze dias depois dos primeiros acontecimentos que abrem o romance. De qualquer modo, não tenho grandes opiniões sobre a questão do aborto. Claro que aceito o direito das mulheres sobre o seu corpo, mas por outro lado acho que é subestimado o trauma psicológico que o aborto provoca na mulher. No entanto, este não é um livro sobre a questão do aborto.”

“Nutshell”, segundo o jornalista português, “é muito mais suave e divertido” do que “O Inocente” (romance no qual, segundo Ian McEwan, há “seis páginas tão violentas como sangrentas. Lamentei tê-las publicado”. Por vezes, é chamado de Ian Mcabro). O prosador concorda: “É verdade. Quando se decide ter um feto como narrador é sempre possível colocar alguma diversão no texto, não só por causa dessas cenas de sexo mas devido aos efeitos do vinho que a mãe bebe. E queria que o leitor sofresse de certos efeitos; que ficasse de ‘cabeça para baixo’ como o bebê logo nos primeiros parágrafos. Com aquele início fica tudo claro antes do fim do primeiro parágrafo”. No começo, o romance “não avançava”, admite Ian McEwan, “porque tinha a noção de que o bebê era um narrador impossível”. Mas aí, quando estava numa “reunião entediante”, surgiu a primeira frase: “Aqui estou eu de cabeça para baixo dentro de uma mulher”. Anotou-a. “O encontrar da primeira frase gera-me alguma liberdade. Então, foi só encontrar o registro e pensar nas referências ao ‘Hamlet’ e também de ‘Macbeth’”. Machado de Assis, no romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, põe um morto como narrador — o que acabou inspirando, confessadamente, Philip Roth.

Por que um romance de apenas 200 páginas? (a Amazon informa 208), indaga o entrevistador. “A razão por que este é um romance curto deve-se à impossibilidade de manter durante 600 páginas uma história a ser narrada pelo feto. Precisa de ser breve”, afirma Ian McEwan. O fato é que escreveu outros livros menores.

O bebê, anota João Céu, é “autor” de deixas “muito curiosas”, como “eu gostava de não ter que não nascer” (mantenho a forma original do texto do jornal português). “Uma grande parte do romance cita o ‘Hamlet’, designadamente onde Shakespeare faz várias reflexões sobre o suicídio devido à ausência de poder da personagem e da sua impotência para mudar as coisas. Essa frase não é diferente daquilo que se passa em Hamlet, apenas a transformei em prosa, com o cuidado de manter a sonoridade da linguagem da peça. O que se passa com o feto é sentir-se na necessidade de agir mas estar impedido por estar dentro da barriga da mãe”, sublinha Ian McEwan.

“Veneno” é a primeira palavra que o bebê aprende. Por quê? “A minha preocupação era a de os leitores levarem este romance demasiado a sério. Enquanto escrevia, disse à minha mulher: quando este livro for publicado o melhor é abandonar o país, porque é muito louco e estúpido. Não irei para fora, mas dentro de dias vou refugiar-me no campo como castigo”, afirma o escritor, quem sabe, irônico.

A história é “inesperada”, em comparação com a produção literária de Ian McEwan, frisa João Céu. O escritor admite: “Concordo. Este romance é uma espécie de férias, como se dissesse: foda-se a realidade. Desta vez queria ser completamente livre, portanto criar um feto que é perito em vinhos era o ideal. Ele adora o Sancerre e o Pinot Noir”.

Entre seus personagens, os que mais agradam Ian McEwan são o narrador de “Expiação” e o “terrível homem que era o herói de ‘Solar’. No entanto, esta personagem que não tem nome e é um bebê também me agrada bastante”.

Pesquisa e críticas

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O romance “Nutschell” tem um narrador surpreendente, um feto, que entende inclusive de vinhos. Deve provocar polêmica entre leitores e críticos tanto na Inglaterra quanto noutros países

Há autores que pesquisam de forma exaustiva para compor suas histórias. É o caso de Ian McEwan? Ao menos no caso de “Nutshell”, não. “Fui à internet uns dez minutos para conhecer certos vinhos que iria dar a beber à mãe.”

“Nos seus anteriores romances, é a investigação que faz o livro ou vice-versa?” Ian McEwan assinala que, “na maioria das vezes”, faz “a investigação em simultâneo à escrita. Portanto, só pesquiso para continuar a escrever. Para mim, a investigação faz parte do próprio romance, e penso que escrevê-lo é como uma viagem onde a investigação e a escrita são a própria viagem”. Para escrever “A Criança no Tempo”, conversou com um juiz e assistiu sessões do Tribunal de Justiça. “Se tivesse começado primeiro pelo romance, as perguntas que lhe teria feito [ao juiz] não seriam tão acertadas como as que fiz após toda aquela observação.” Quanto ao romance “Solar”, “a maior parte da investigação foi realizada através de leituras em vez de encontros pessoais”. Mas ele conversou com físicos sobre energia solar.

O escritor fica ansioso quando pretende escrever um história, ou durante o processo da escrita? “Vivo um estado mental curioso e com vários componentes. Um entusiasmo que é uma espécie de capa para a ansiedade. Fico entusiasmado com o que quero e numa ansiedade sobre como transmitir tudo o que desejo, e ser bem-sucedido ao desenvolver a ideia do livro. Mas a ansiedade é uma coisa boa, porque mantém o escritor focado.”

Ian McEwan diz não ler críticas sobre seus livros, mas os ecos chegam até ele. “Nutshell”, segundo um crítico, é uma obra “inesquecivelmente má”. O crítico, de acordo com o escritor, nem leu o romance. “Ainda não está à venda. Mas, mesmo sem o ler, faz uma má crítica, imagine-se quando o ler.” No Brasil, não é diferente: Marçal Aquino, na contracapa do livro “Ironweed”, de William Kennedy, diz que é o segundo romance do ciclo de Albany, quando os leitores do escritor americano sabem que se trata, na verdade, do terceiro, antecedido de “A Lenda de Legs” (Editora Francisco Alves) e “A Grande Jogada de Billy Phelan” (Francisco Alves e Cosac Naify).

Há leitores que gostam e leitores que não apreciam a prosa de Ian McEwan. Há até os que o acham sutil demais, como no caso de “Reparação”. Mas o escritor sustenta que faz questão de escrever livros interessantes para os leitores, não, possivelmente, para os críticos. “É um erro gigantesco o fato de um livro não ser interessante.”

No caso específico de “Numa Casca de Noz”, Ian McEwan acredita que algumas pessoas “nunca lerão um livro cujo narrador é um feto e haverá outros que o detestarão. Os romances são a coisa mais pessoal que existe, pois é impossível escrever mil palavras sem se revelar parcialmente”.

Ian McEwan declara que incorpora passagens de sua vida aos romances. “Há partes da minha vida que aparecem, talvez até mais do que as pessoas possam imaginar, mas é sempre sobre disfarce ou mudado.” Mas ele se considera mais um inventor do que um escritor que trabalha baseado em fatos reais. “Herzog”, de Saul Bellow, baseado numa história real, “uma descrição de seu divórcio”, é um romance “fantástico”, na sua avaliação.

O autor de “A Balada de Adam Henry” acolhe a opinião dos leitores? “A melhor crítica que se pode ter é uma opinião bem sustentada de um colega de escrita, isso importa-me muito mais do que qualquer outra coisa.” O escritor mineiro Autran Dourado, no livro “Uma Poética de Romance — Matéria de Carpintaria” (Rocco, 238 páginas), de 1976, escreve: “As coisas mais importantes, para os criadores, sobre romances, foram ditas por romancistas, e as coisas mais importantes sobre poesia foram ditas por poetas”.

Considerando-se um “bom leitor”, Ian McEwan conta que leu, recentemente, um livro de um escritor francês e um livro de um autor alemão. Sobre autores portugueses, disse que gostaria “de dar um exemplo”; porém, “honestamente, não consigo”. A pergunta deveria ter sido ampliada. Ian McEwan esteve no Brasil, seu filho namorou uma brasileira de Minas, e certamente conhece alguns de seus autores, como Machado de Assis ou, quem sabe, Clarice Lispector.

Energia e terrorismo

Um personagem de “Solar” aposta que pode salvar o mundo por intermédio de uma energia limpa. “Ainda acha que há salvação?”, pergunta João Céu. “Mesmo com toda a complexidade do tema das alterações climáticas, há um único graal sagrado: encontrar uma energia barata. Quando a tivermos, surgirão todo o tipo de possibilidades. Atualmente, a energia solar não é suficientemente poderosa para manter Lisboa quente durante o mês de fevereiro, mas um dia encontraremos a solução. Só posso dizer que o problema é muito complexo, mais dificultado ainda pelas circunstâncias políticas tão difíceis que vivemos, onde a preocupação com a política energética foi desviada para o combate ao terrorismo, a situação da França, na Turquia ou Brexit.”

Se o mundo está desmoronando, escrever um romance como “Numa Casca de Noz”, com seu caráter de comédia, é, por assim dizer, “lícito” ou, como quer João Céu, “fácil”? “Sim, porque não parecendo, o romance também pensa o mundo apesar da distância da narrativa no que respeita à questão política. Tentei balancear o pessimismo cultural e definir esse tempo do livro como uma era dourada, que está contido numa casca de noz.” O autor de “Sábado” garante que, em “Numa Casca de Noz”, “quis refletir” sobre “um mundo que fosse entendido pelo que se ouvia no rádio e o que será a vida depois do parto. O romance reflete o estado do mundo, ou pelo menos um canal para essa percepção”.

Ian McEwan não se furta a comentar os atentados de Paris e Nice. “Estava em Paris em novembro quando aconteceram os atentados, mas Nice preocupou-me mais porque vi o ministro da Defesa dizer ‘isto não vai acabar, é preciso habituarmo-nos’. Realmente, três dias depois o Promenade des Anglais estava de novo cheio de turistas, ou seja, parece que nos iremos acostumar a estas situações. Não se destrói um Estado porque a nação é muito maior, pode é vir a ser uma estranha nova normalidade. Nice estava no coração de todos, mas cada atentado vai ser menos importante para o mundo.” O terrorismo “é maior do que a literatura, do que tudo”.

Brexit é tragédia

João Céu diz que a Londres de Ian McEwan “já parece estar fora da União Europeia”. O autor rebate de pronto — “ainda não abandonamos a União Europeia!” — e afirma que quer, “muito mesmo”, a permanência da Inglaterra na União Europeia. O que está ocorrendo? “É o resultado de uma longa luta no interior de um partido político, os conservadores. O partido tem estado dividido e o ex-primeiro-ministro David Cameron fez uma aposta com o referendo, achando que fixaria uma posição definitiva em relação à União Europeia por várias razões. Só que falhou!”

Segundo Ian McEwan, “ninguém quer falar sobre o referendo, nem sequer no Parlamento. Aliás, ninguém comenta o papel do Parlamento, nem quando se sabe que é este que deve ratificar qualquer alteração no tratado por via do artigo 50. Pelo contrário, o referendo do Brexit foi um plebiscito hitleriano com uma margem de 4% enquanto se quisermos mudar a Constituição é necessário mais de 60%. Há uns de nós que se sentem usados por um partido, pois não havia nenhum outro partido a querer o referendo senão o UKIP, até porque o referendo apenas tirou a fotografia ao sentimento nacional de um único dia, obrigando a rever um tratado e a absorver a energia nacional noutra direção. O que nos sairá caro”.

Qual será o “castigo”? “Pro­vavelmente, será um castigo econômico e também cultural. Foi uma loucura! A minha expectativa é que como a chanceler [Angela] Merkel [da Alemanha] vai enfrentar uma reeleição, nos beneficiemos dessa situação política em relação aos trabalhadores imigrantes. Porque o Reino Unido beneficia-se muito da migração, que é principalmente da Commonwealth, ou seja, não a poderemos controlar. Portanto, o Brexit é uma tragédia nacional. Pior, diria mesmo uma estupidez nacional, suportada por uma pequena diferença. Um terço quer sair, menos de um terço quer ficar, e o outro terço não se importa com o assunto.”

Na análise de McEwan, tido como “neocon”, “a resposta do referendo foi apenas um aviso e não é vinculativa para o Parlamento. Talvez eu seja um otimista louco, mas penso que as negociações serão tão difíceis para o Reino Unido que tudo pode mudar. Se fosse um jogo de cartas, nós nunca jogaríamos porque o jogo estava perdido à partida. A União Europeia diz que não avança unilateralmente e não acredita que sem o mercado único tenhamos movimentação livre de trabalhadores. Ainda acredito que a negociação se arraste por dois anos e acabe por deixar toda a gente tão zangada que se desemboque noutro referendo”.

Ian McEwan acredita que haverá um segundo referendo. “Mesmo que agora ninguém fale sobre isso. Está-se a empurrar o problema com a barriga até onde for possível. Temos 650 parlamentares, dos quais 500 querem ficar. Vivemos numa democracia parlamentar, não num país de plebiscitos.”

João Céu nota que, quando foi feito o plebiscito, “havia demasiado descontentamento popular” — e ainda há. Ian McEwan pondera: “O sentimento nacional pode mudar se houver uma recessão, ou se a libra continuar a afundar-se e se houver mais inflação. Nós não temos indústria, as exportações são na ordem de 10% e temos de importar matéria-prima. Compreendo que a austeridade tenha provocado esta situação e que as pessoas estejam zangadas, como é o caso das do Norte da Inglaterra, que ainda estão a recuperar a morte de certas indústrias. Por que havia de votar pelo status quo se não têm lugar aí? Devem ter pensado ‘vamos tentar alguma coisa diferente’. Mas serão eles quem vão pagar a fatura”.

Mesmo contrariado, Ian McEwan diz que não vai deixar a Inglaterra. “Este é o meu país e não quero ser empurrado para fora por questões políticas.”

A perseguição iraniana ao escritor Salman Rushdie — que chegou a se esconder na casa de Ian McEwan — é vista como “o capítulo 1 de sua geração”. “Em 2001, o atentado às Torres Gêmeas [em Nova York] foi o segundo capítulo. Apercebemo-nos de que o modelo do multiculturalismo tinha mudado de repente e que as comunidades deixaram de ser tão bem acolhidas. De um momento para o outro, uma minoria tinha um pensamento bem diferente em relação ao mundo do que era o nosso. Víamos pessoas em frente ao nosso Parlamento a queimar livros de Rushdie e a dizer que devia morrer. As liberdades básicas de expressão que tínhamos como garantias foram violentamente desafiadas e isso preocupa-me.”

Na atual crise do mundo, e não apenas no Oriente Médio, a religião, seu uso, tem se tornado problemática. “Quando qualquer religião entra num conflito, acrescenta-se um elemento sobrenatural assustador. É o fator da identidade e do nacionalismo, que são questões dificílimas de resolver, talvez mesmo impossíveis de solucionar. (…) Se ignorarmos o Brexit e colocarmos como verdadeira a possibilidade de Donald Trump ganhar as eleições, então é melhor escondermo-nos debaixo da cama.”

O título da entrevista concedida a João Céu, do ótimo jornal português “Diário de Notícias”, é: “Ian McEwan: ‘ Um feto perito em vinhos era o narrador ideal’”. Saiu na edição de 7 de agosto.