Filme de mistério que estreou esta semana na Netflix é o mais assistido do Brasil na atualidade

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Ninguém pode saber o que acontece entre as quatro paredes de uma família, e se no meio dela há uma fortuna cujo destino é alvo de questionamentos cíclicos e de virulência em escala, toda conclusão vem com o lastro da suspeita. Em “Paralisia”, Nour Wazzi fala de um universo em que qualquer um se reconhece, embora, naturalmente, quanto mais dinheiro se vislumbre por trás de relações quase clandestinas, mais monstros hão de sair de seus tugúrios.

Nascida em Beirute durante a guerra civil, Wazzi, radicada no Reino Unido há duas décadas, parece ter absorvido o fausto silencioso de certa nobreza sem coroa, carregando nas tintas da crítica social e, principalmente, do enredo que oscila do mistério para o erótico, um à disposição do outro, até que não sobre mais nenhuma alternativa se não pensar que aquelas pessoas talvez se mereçam e não saibam viver de forma diferente. 

Uma mulher desperta do coma de três dias, convalescendo de um traumatismo craniano grave e sem poder movimentar o olho direito. Katherine Carter corre o risco de se tornar um indivíduo cognitivamente intacto, ou seja, continuar sendo capaz de externar sentimentos, raciocinar, compreender mensagens, responder a estímulos, mas interditada à vida fora de um ambiente muito restrito, vegetando na eterna dependência de cuidados paliativos.

O texto de Rowan Joffe explora os bastidores de uma tentativa de assassinato, fazendo com que a ação retroceda pouco mais de um mês, quando Lina, a enteada e nora, explica que a morte do marido trouxe para Katherine um tempo de incerteza e humilhação, uma vez que ele a excluiu do testamento e deixou Jamie, o filho do casal vivido por Finn Cole, como único herdeiro. Famke Janssen e Rose Williams dominam boa parte da cena com embates feminis sobre quem deve ser a cabeça da mansão Rowling ao lado de Jamie, se a mãe ou a consorte, drama que se exacerba no instante em que Wazzi revela que Lina foi criada por Katherine e o finado. 

Na virada do segundo para o terceiro ato, o filme reveste-se da natureza de um thriller sensual com o triângulo composto por Katherine, Lina e Robert Lawrence, o clínico geral dos Carter, homem de confiança da personagem de Janssen e à vontade na condução dos negócios do clã, até a reviravolta muito bem elaborada pela diretora. Alex Hassell incorpora boa parte do terror nada óbvio de “Paralisia”, uma história de amor e tragédia a separar duas mulheres num tempo de sororidade autodeclarada.


Filme: Paralisia
Direção: Nour Wazzi
Ano: 2023
Gêneros: Terror/Mistério/Suspense
Nota: 8/10