Filme da Netflix, cheio de rancor e fúria, é um tormento mental que prende o olhar por 77 minutos

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As relações humanas no filme “7 Años”, são pinceladas por uma miscelânea de desafios e infortúnios, muitas vezes descambam para confrontos cuja pacificação requer mais que simples benevolência. A proximidade entre as pessoas frequentemente acarreta o paradoxo da discordância, seja por razões substanciais ou trivialidades. A humanidade, singular entre as espécies pela habilidade de manobrar as incertezas da existência com destreza, não está imune a inesperadas desventuras, principalmente quando a confiança alcança seu ápice.

Enquanto enfrentamos os solavancos da queda, nossas mentes começam a ponderar alternativas, refletindo sobre as oportunidades perdidas de redirecionamento, principalmente quando a ameaça se disfarça de amizade. E cada reflexão nos leva a questionar os caminhos escolhidos, um questionamento que explora nossa conexão com o que poderia ter sido e o que de fato se materializou.

Roger Gual, cineasta espanhol, orquestra uma dança entre quatro personagens em um palco singular, explorando em pouco mais de uma hora as facetas da maldade humana, que emergem de uma camaradagem e sociedade visando solucionar dilemas vitais. “7 Años” (2016) envereda pelos diálogos penetrantes e situações meticulosamente orquestradas, destacando temas como confiança, autoestima e pecuniário.

A trama, tecida por Jose Cabeza e Julia Fontana, segue um raciocínio meticuloso, desdobrando-se em momentos precisos, proporcionando ao público a oportunidade de eleger seus personagens favoritos e estabelecer uma ligação empática com a narrativa, graças à sua execução fluida e autêntica.

Logo no início de “7 Años”, a complexidade legal se revela quando as autoridades identificam irregularidades fiscais na empresa dos protagonistas. Dada a brevidade do filme, rapidamente é estabelecido que, devido ao acesso compartilhado a uma conta offshore, apenas um precisará enfrentar as consequências legais.

A urgência se acentua pelo iminente avanço da Polícia Federal. Os personagens, cada um com suas peculiaridades e funções, encontram-se encapsulados em um espaço comum, acreditando em uma solução harmoniosa e evitando a exposição de desavenças passadas. Para assegurar a execução das deliberações tomadas, um advogado é contratado como mediador.

Roger Gual habilmente intensifica a tensão, salientando elementos que progressivamente agravam o cenário, predispondo a narrativa a uma eventual erupção de conflitos passionais. Tópicos como machismo, misoginia e relações familiares desgastadas são abordados, destacando o cinismo inerente a tais circunstâncias. A hipocrisia permeia os personagens, com cada um, a seu modo, sucumbindo à malevolência, refletindo as reviravoltas engenhosas da direção.


Filme: 7 Años
Direção: Roger Gual
Ano: 2016
Gênero: Drama
Nota: 8/10