Infinitamente surpreendente, o filme eletrizante da Netflix que você precisa ver, se ainda não viu Ben Rothstein / Netflix

Infinitamente surpreendente, o filme eletrizante da Netflix que você precisa ver, se ainda não viu

Uma das séries mais emblemáticas de todos os tempos, um verdadeiro fenômeno de público em todo mundo, “Breaking Bad”, criada por Vince Gilligan, transmitiu seu episódio final em 2013, após cinco temporadas. Mas se você é uma raridade, daquelas pouquíssimas pessoas que não tem a menor ideia do que se trata o show, a história é basicamente a seguinte: Walter White é um professor de química frustrado, de meia idade, que descobre que tem um câncer avançado. Cansado de engolir sapo de todo mundo e depois de ter um estudo praticamente roubado por um casal de colegas que acabou se dando bem às suas custas, White decide criar um tipo de metanfetamina azul super potente que vira um fenômeno nas ruas. Com a colaboração de Jesse Pinkman, ele consegue se tornar uma espécie de rei do tráfico e superar em inteligência e estratégia vários inimigos, incluindo a polícia.

O problema é que os negócios acabam causando intrigas entre White e Pinkman. Sequestrado por um grupo de vilões da série, formado por Jack, Todd e seu clã de criminosos neonazistas, Pinkman é encarcerado, obrigado a reproduzir a metanfetamina azul e colocado sob condições deploráveis. Após White matar os sequestradores do ex-parceiro de crime, e morrer durante o confronto, Pinkman se torna um foragido da Justiça. Em busca de um recomeço, ele precisa recuperar um dinheiro escondido e convencer um facilitador, chamado Ed Galbraight, a ajudá-lo  a criar uma nova identidade para começar uma nova vida em um novo lugar. Em “El Camino: A Breaking Bad Movie”, Pinkman relembra os momentos que antecedem sua libertação e fuga da polícia.

“Breaking Bad” contava com episódios altamente produzidos, com um custo médio de 1,5 milhão de dólares cada, fotografia incrível com abuso de lentes macro e sob perspectivas inovadoras, como dentro ou atrás de objetos, além, claro, das cenas sufocantes no deserto do Novo México. A série deu uma turbinada na vida de seu elenco, principalmente de Bryan Cranston, que depois pegou papéis em importantes filmes e chegou a disputar o Oscar de melhor ator por “Trumbo”. Jesse Pinkman, interpretado por Aaron Paul também cresceu, apesar de ter sido em menor proporção. Mesmo assim, será eternamente lembrado pelo público por seu personagem mais famoso.

Com um roteiro nostálgico para os fãs, “El Camino: A Breaking Bad Movie” utiliza de artifícios já conhecidos da série, como  a falta de linearidade no tempo, constantes flashbacks, uma trama intricada, com muitos personagens conectados por diferentes situações e que vem e vão, se encontram e se perdem dos olhos dos espectadores. É preciso acompanhar com muita atenção, porque a história, assim como a série, é cheia de nós que precisam ser desatados e, se você perde a linha de pensamento pode acabar não entendendo nada.

O filme dificilmente poderia ser acompanhado por quem não viu a série, já que cada personagem e cada cena está conectado a algo que o programa já havia trazido de alguma forma. É como se fosse um episódio extra, especial. É, sobretudo, um epílogo, um desfecho. Ele chega cinco anos depois do último programa. Vince Gilligan, o criador, admitiu que só teve coragem de concretizar esse projeto graças ao sucesso de “Better Call Saul”, um spin-off de “Breaking Bad”, que gira em torno do advogado picareta de Walter White, Saul Goodman.

Um filme que leva os fãs de volta ao universo de White e Pinkman, o enredo envolve o público com cenas de suspense e ação que instigam a cada minuto nossa ansiedade e adrenalina. Mesmo assim, é preciso dedicar um bocado de atenção e intelecto para acompanhar todos os giros que a narrativa oferece, se diferenciando, assim, de outras produções do gênero.


Filme: El Camino: A Breaking Bad Movie
Direção: Vince Gilligan
Ano: 2019
Gênero: Ação/ Policial
Nota: 9/ 10