O cinema nos transforma em voyeurs. Assistimos imagens e roteiros sem poder interferir no desfecho. Quando o protagonista de um filme é um dos nossos — ou seja, fica vendo o que os outros fazem — a Sétima Arte nos transporta para dentro do drama.
Trata-se do jovem ator Tye Sheridan, que interpreta Bart, recepcionista noturno de um hotel onde mulheres se hospedam para receber visitas clandestinas. Ele sofre de um transtorno, o Mal de Asperger, que atrapalha a socialização. Com acesso às rotinas das hóspedes ele grava seus diálogos com os visitantes para treinar conversação. Ele fantasia um relacionamento social impregnado de desejo sexual.
Suas gravações clandestinas flagram um assassinato, mas como é um funcionário do hotel não pode confessar que manipula as cenas e por isso esconde o que vê. O espectador oculto perde a inocência ao omitir o flagrante. O que enxerga fará justiça, mas está proibido.
Para complicar o garoto começa a seguir a irresistível hóspede Ana de Armas e aí acaba se enredando de vez. O olhar do desejo se transforma em paixão e amor, revelando por inteiro sua incapacidade para uma vida normal.
Sem sofrer de transtorno, apaixonar-se por Ana de Armas — ela saindo da água da piscina nos faz esquecer Marilyn Monroe — imaginem com a percepção enredada. O filme “O Recepcionista” é de 2020, dirigido por Michael Cristofer, tem a excelente Helen Hunt no papel da mãe protetora do garoto e John Leguizamo interpretando o detetive que desconfia do rapaz.
Filme: O Recepcionista
Direção: Michael Cristofer
Ano: 2020
Gêneros: Mistério/Suspense
Nota: 8/10