5 filmes niilistas perturbadores, na Netflix, que vão bagunçar sua cabeça e te fazer ter calafrios Divulgação / Universal Pictures

5 filmes niilistas perturbadores, na Netflix, que vão bagunçar sua cabeça e te fazer ter calafrios

A alma do homem é cheia de meandros, reentrâncias, lugares tão escondidos e tão poucos iluminados que ninguém é capaz de acessar. Há quem encare problemas de qualquer natureza como uma forma de se autoconhecer, se testar, se superar, saindo, em correndo o ouro sobre e azul, muito mais resistente para a próxima dificuldade ao final do processo. Por outro lado, existem os que simplesmente bloqueiam a mínima possibilidade de que passe um feixe de luz sequer por entre esses monólitos: quanto mais encalacrado está, mais fica e, pior, mais gosta. Depreender que a vida é uma luta desigual, em que não podemos fazer nada e só nos cabe lamentar — e resistir — pode ser uma maneira de tomar o assunto. Grandes pensadores e artistas foram niilistas convictos e aferrados, ainda que não o alardeassem e, muito menos, o quisessem empurrar goela abaixo dos outros, a exemplo de Friedrich Nietzsche (1844-1900), que legou textos com a mais completa e sábia negação da ideia de felicidade para o homem, decerto influenciado pela sua própria desdita, e Gustave Flaubert (1821-1880) cujos escritos denotam a incontornável fragilidade e incapacidade de reação do espírito humano frente às armadilhas que a sorte lhe prepara. Talvez o mundo seja mesmo uma grande massa de água, terra e ar, oriunda do nada rumo ao nada, insensível aos esforços do homem a fim de mudá-lo ou, ao menos, torná-lo menos selvagem. Nessa trilha do mais desolador niilismo, a Bula separou cinco filmes que vão fazer (mais) estragos na sua cabeça. Os títulos aparecem em ordem contra-cronológica, do lançado há menos tempo para o mais antigo, lembrando que você, nosso melhor crítico, é que nos diz qual o melhor. Deixe lá fora toda a esperança e entre no infinito universo de devaneio e destruição por trás — e dentro — de todo homem.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.