10 melhores filmes de guerra para assistir da Netflix Divulgação / Warner Bros

10 melhores filmes de guerra para assistir da Netflix

A fim de tornar-se senhor do mundo e de todas as criaturas que o habitam, o homem teve de se impor. Começou por subjugar os bichos que considerou dóceis, e os fez trabalharem para si. Em seguida, para vencer as tantas feras que ameaçavam sua integridade física por muito mais bravias e corpulentas do que ele múltiplas vezes, criou instrumentos como machadinhas, lanças e fundas e, assim, estendeu seus torrões. A próxima etapa foi dominar o fogo, desenvolver a pólvora e a sorte do gênero humano estava dada: a guerra. Em “Uma Breve História da Humanidade”, publicado em 2011, o historiador israelense Yuval Noah Harari defende que o homo sapiens só subiu tão alto na escala evolutiva graças à capacidade de partilhar informação a respeito dos assuntos mais prosaicos, como os melhores bosques da floresta para se caçar ou que alimentos poderíamos ou não ingerir sem correr o risco de morrermos intoxicados, por exemplo. E esse conhecimento sobre tudo o que existe de relevante, impossível aos outros animais, não seria nada se não viesse acompanhado do aprimoramento da força bruta. Queira-se ou não, foi por meio de combates armados que conquistamos o que temos. Proclamar guerra contra quem quer que seja nunca é uma resolução que se toma da mão para a boca, mas é, em muitas circunstâncias, a única coisa a se fazer para fugir da desonra, que, conforme ensina Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro do Reino Unido quando da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), se encarniça de um povo que não encampa as causas pelas quais se deve combater. Por mais perverso que soe, temos que admitir: a guerra fascina, e esse é o problema. Quase sempre, foi por meio dos enfrentamentos entre forças inimigas que a humanidade viu nascer seus grandes heróis, homens e mulheres que se vestiram da aura de personalidade da história graças a um desempenho de coragem memorável ao longo de uma série interminável de batalhas. Entretanto, o homem se deixou inebriar pelo cheiro de pólvora queimada e o crepitar do aço dos canhões e prefere renunciar à diplomacia e resolver suas pendências valendo-se da força quando uma boa conversa trataria de evitar um banho de sangue que, não raro, começa por causa de um mal-entendido vulgar. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), fundada na esteira do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, para mediar conflitos armados e ajudar em possíveis negociações de paz, há trinta zonas de guerra no mundo hoje, na maioria dos casos disputas de território provocadas por desavenças religiosas, tentativas de dominação de uma etnia sobre outra ou a afirmação da soberania acerca de recursos naturais. A ação política também dá o tom da guerra ao fomentar diferenças quanto ao entendimento da constituição própria de um povo. Movimentos separatistas no Canadá, na Catalunha e na Irlanda do Norte se arrastam até hoje, deixando um rastro de violência, atraso e empobrecimento econômico em alguma medida. A ONU bem que tenta, mas o fardo é penoso, mesmo para ela. A guerra é, em muitas ocasiões, o último — e único — recurso, mas cobra seu preço. O cinema entendeu isso desde sempre e continua a produzir filmes que demonstram que a humanidade não escapa impune a enfrentamentos que custam tantas vidas. Em “O Fotógrafo de Mauthausen” (2018), da diretora Mar Targarona, um prisioneiro de Adolf Hitler (1889-1945) é incumbido por um oficial nazista de registrar o cotidiano do campo de concentração em que está encarcerado, tarefa que desempenha com afinco — e que vai acabar por mudar os rumos da história; no caso de “Dunkirk” (2017), verdadeiro épico de Christopher Nolan sobre o resgate de mais de 300 mil soldados das tropas aliadas, encurralados pelo facínora alemão na costa francesa — por uma trapaça do destino, Churchill acabou por pagar a língua -, se demandou, além de um conhecimento teórico a respeito desse episódio da Segunda Guerra, a solução de questões bastante práticas, como o deslocamento, alimentação e hospedagem para uma legião de figurantes. Esses e mais oito títulos, lançados entre 2018 e 1993, todos na Netflix, falam dos horrores das muitas guerras ao longo da trajetória da humanidade, mas, paradoxalmente, também expõem a redenção que elas podem inspirar. Bandeira branca.

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix