Desde os anos 1980 e 90, as propagandas de produtos milagrosos para o emagrecimento se popularizaram. São chás, shakes e remédios que prometem a perda de peso instantânea, sem necessidade de dieta e exercícios físicos. A verdade é que, se algum deles funcionasse realmente, a obesidade não seria uma epidemia no mundo. Hoje, a publicidade desses produtos continua crescendo, agora anunciados por celebridades, blogueiras e coaches fitness nas redes sociais. Sem formação adequada, as chamadas influencers digitais espalham informações erradas sobre saúde e emagrecimento, sendo que, de acordo com a lei, apenas o nutricionista pode prescrever planos alimentares. Por meio da análise de artigos científicos e de entrevistas de pesquisadores, a Bula reuniu dez mitos amplamente propagados nas redes sociais.
A crença de que tomar água com limão em jejum ajuda a emagrecer e a desintoxicar o corpo é muito difundida das redes sociais. Mas, segundo o pesquisador em nutrição Wyatt Brown, não há evidências científicas para fazer tais afirmações. A mistura seria apenas uma boa fonte de vitamina C: “Embora não existam muitas pesquisas sobre os efeitos do limão na saúde, vale a pena incluir o suco da fruta na sua dieta apenas para aumentar a quantidade vitamina C que você ingere”, disse Brown.
É de conhecimento geral que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas leva ao desenvolvimento da cirrose. Por esse motivo, algumas blogueiras fitness começaram a espalhar que, como o álcool vem da cana de açúcar, o consumo de qualquer fruta pode causar cirrose. Mas, estudos científicos provam que frutas não têm relação com a doença, a não ser em pessoas que são alérgicas à frutose. O que pode ocasionar o acúmulo de gordura no fígado é o consumo exagerado de sucos coados.
Ultimamente, as famosas e influencers estão fazendo propaganda de chás que prometem milagres no emagrecimento. Mas, como lembra a nutricionista norte-americana Jaclyn London, “nenhuma bebida ou suplemento alimentar pode induzir a perda de peso”. Segundo Jaclyn, os chás são diuréticos e ajudam o corpo a eliminar água. Uma pequena diferença inicial pode ser notada na balança, mas essa perda de água pode levar à desidratação, o que é perigoso para a saúde.
Os carboidratos sempre fizeram parte da alimentação humana, mas nos últimos tempos se tornaram verdadeiros vilões. A verdade é que, com exceção dos diabéticos e atletas, os carboidratos são parte essencial de uma dieta saudável. Cortá-los pode levar à perda de peso, mas uma alimentação sem carboidratos não é viável a longo prazo. Além disso, um estudo apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia mostrou que pessoas que consomem poucos carboidratos têm 51% mais chances de morrer com doenças cardíacas.
O leite tem sido apontado como um alimento maléfico para a saúde. As blogueiras fitness dizem que a bebida causa desde problemas na pele até câncer. Mas, estudos recentes confirmam que o leite é uma rica fonte de cálcio, que fortalece os dentes e os ossos; de vitamina D, que ajuda na prevenção de câncer e depressão; e de potássio, que reduz a pressão sanguínea. Ou seja, a não ser que você seja intolerante à lactose ou vegano, um copo de leite vai te fazer muito bem.
Segundo um relatório publicado pela Associação Cardíaca Americana, apesar de ser indicado como uma opção mais saudável, o óleo de coco pode ser prejudicial. De acordo com a organização, 82% da gordura no óleo de coco é saturada, que aumenta os níveis de LDL, o “colesterol ruim”. O percentual é maior do que o da gordura bovina (50%), da manteiga (63%) e da banha de porco (39%). De toda maneira, o óleo de coco pode ser consumido como qualquer outro, mas com moderação.
Muitos dizem que comer carne de frango é perigoso, devido aos hormônios usados para o crescimento da ave. Mas, essa afirmação é mentirosa. Desde 2004, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) proibiu o uso de hormônios no Brasil, alinhando-se à regulação de outros países europeus e dos Estados Unidos. Hoje, o rápido crescimento do frango é causado por uma combinação de técnicas de melhoramento genético e uso de antibióticos. E lembre-se que não é necessário lavar a carne.
O colágeno é a principal proteína componente da pele, cartilagens, tecidos conjuntivos, ligamentos, tendões e ossos. Na internet, muitos famosos fazem publicidade de produtos que propõem a suplementação dessa proteína. Segundo a nutricionista Nicole Osinga, “o corpo precisa de colágeno, mas ele mesmo produz. Então, não é necessário tomá-lo como um complemento”. Não há malefícios comprovados acerca do uso desses produtos, mas o sistema digestivo humano não absorve quantidades significativas de colágeno.
Há cerca de cinco anos, o suco verde passou a ser vendido pelas blogueiras fitness como uma promessa de “detox” para o corpo. O problema é que nenhum alimento tem esse poder. “Fígado, pulmões, rins, intestinos e pele já fazem um trabalho perfeito na eliminação das toxinas. Uma dieta detox não vai fazer um trabalho que já é perfeito ficar melhor”, disse o médico e pesquisador Edzard Ernst. Nesse caso, o suco verde seria apenas uma opção mais saborosa para o consumo de frutas e verduras.
O sal rosa do Himalaia é conhecido na internet por seus vários benefícios: dizem que ele possui mais nutrientes, ajuda no emagrecimento e previne doenças cardiovasculares. Mas, mesmo que o sal rosa tenha mais cálcio, ferro e magnésio, as quantidades são irrisórias quando analisamos o consumo diário de sal recomendado pela Organização Mundial da Saúde: apenas cinco gramas. Portanto, não vale pagar mais caro pelo sal rosa, até porque ele não vem mesmo do Himalaia.