É verdade que as plataformas de streaming precisam oferecer uma boa variedade de títulos para atrair mais assinantes. Ter um catálogo cheio, diverso e sempre em renovação é fundamental para captar a atenção dos clientes. Mas, no meio disso tudo, é natural que produções incríveis, de qualidade impecável, fiquem às margens, enquanto outros filmes ganham maior destaque. Afinal, o algoritmo trabalha de acordo com o que cada pessoa consome, e é verdade que a maior parte do que é consumido não é lá essas coisas.
A HBO Max, conhecida por sua curadoria apurada de filmes de qualidade, possui verdadeiras joias em seu catálogo. Dramas que, por alguma razão, não recebem a atenção merecida do público e, até mesmo, da crítica. Filmes que trazem narrativas intensas, personagens complexos e histórias cheias de emoção e reflexão, mas que permanecem discretos, esperando para serem descobertos.
Reunimos aqui cinco obras fenomenais, menos comentadas do que deveriam, mas que carregam peso e relevância. Obras que abordam temas variados: da reconstrução de laços familiares à luta interna contra traumas, passando por dilemas morais e o impacto de decisões que mudam nossas vidas. Cada um desses filmes oferece uma experiência única, capaz de provocar empatia, questionamentos e despertar camadas profundas do ser humano.
Prepare-se para mergulhar nessas histórias que deveriam ser favoritas do público, mas permanecem pouco vistas.

Uma jovem retorna à casa dos pais, em uma ilha escocesa, para se recuperar do alcoolismo, e acaba se reconectando com a paisagem e consigo mesma. Baseado em uma história real, o filme, selecionado para a mostra Panorama Mundial do Festival do Rio 2024, acompanha a jornada de Rona (Saoirse Ronan) em busca de reabilitação. Aos 19 anos, ela deixa a fazenda da família nas Ilhas Órcades, na Escócia, para viver em Londres. Lá, conhece um grande amor, Daynin (Paapa Essiedu), mas também desenvolve um quadro severo de dependência alcoólica, que desencadeia múltiplas consequências: traumas físicos e mentais, e o fim de seu relacionamento. Após concluir a primeira etapa do programa intensivo dos Alcoólicos Anônimos, Rona retorna ao lar, onde a solidão das paisagens, o silêncio e a natureza selvagem funcionam como espelhos interiores de seu processo de cura. Em meio à névoa e às falésias, ela começa, lentamente, a fazer as pazes consigo mesma.

Durante um julgamento de assassinato que promete repercussão nacional, um homem comum é convocado para o júri. Mas há um detalhe: ele está intimamente ligado ao crime que deveria julgar com imparcialidade. Enquanto escuta os depoimentos e analisa as provas ao lado dos outros jurados, precisa esconder seu segredo mais sombrio. A cada dia que passa, a pressão aumenta. Investigações paralelas se aproximam da verdade, e ele se vê dividido entre manter o disfarce ou confessar. A presença de uma promotora determinada, o olhar atento da juíza e os comentários dos colegas de júri tornam o ambiente sufocante. Com a consciência cada vez mais pesada, tenta influenciar o veredito e proteger sua identidade, mas o risco de tudo vir à tona se torna inevitável.

Uma analista de dados auditivos trabalha remotamente ouvindo e revisando áudios captados por um assistente virtual. Com forte agorafobia, vive reclusa em seu apartamento ultraconectado, lidando com ansiedade e rotinas milimetricamente programadas. Em uma das gravações, capta sons que indicam a possível ocorrência de um crime. Sem apoio da empresa que representa, decide agir por conta própria. A tentativa de denúncia a obriga a sair de casa — algo que não fazia há meses. Entre ruas desconhecidas, corredores vazios e vigilância constante, ela se torna alvo de perseguições enquanto tenta provar a verdade. Conectada o tempo todo, mas isolada como nunca, enfrenta forças poderosas que farão de tudo para silenciá-la. A busca por justiça se transforma em uma luta pela própria sobrevivência.

O cotidiano escolar é abruptamente interrompido por uma tragédia sem precedentes. Após o ocorrido, uma adolescente precisa lidar com a perda, o trauma e o silêncio que invadem sua casa e sua mente. Amigos se afastam, pais não sabem o que dizer, e o mundo segue como se nada tivesse acontecido. Presa em uma rotina emocionalmente estagnada, ela tenta encontrar algum sentido em meio ao vazio. Aos poucos, aproxima-se de alguém que também sobreviveu ao mesmo episódio. O vínculo improvável entre os dois serve de escapatória para a dor e revela o impacto profundo que um único momento pode ter na formação da identidade. Entre caminhadas silenciosas, telefonemas perdidos e olhares de desentendimento, surge uma tentativa discreta — mas poderosa — de reconstruir a própria existência.

Johnny é um jornalista de rádio que viaja pelos Estados Unidos entrevistando crianças sobre suas expectativas para o futuro. Durante essa jornada, ele precisa cuidar do sobrinho Jesse, um garoto introspectivo e cheio de energia, enquanto a irmã enfrenta dificuldades pessoais. Essa convivência inesperada cria uma relação profunda entre tio e sobrinho, marcada por momentos de cumplicidade, descobertas e desafios da infância e da vida adulta. Ao longo do tempo, Johnny começa a entender melhor suas próprias vulnerabilidades e o significado de cuidar de alguém. O filme mistura diálogos sinceros e cenas cotidianas para construir um retrato sensível da paternidade, do crescimento e do olhar esperançoso para o amanhã, mostrando que, mesmo diante das incertezas, seguir em frente é um ato de coragem e amor.