5 livros que ninguém lê, mas todo mundo posta no Instagram

5 livros que ninguém lê, mas todo mundo posta no Instagram

Há livros que viram decoração antes de serem tocados. Não por culpa deles, mas pela forma como os usamos. Objetos de desejo intelectual, estandartes de sofisticação silenciosa, promessas de uma leitura que quase nunca se cumpre. A verdade é desconfortável: há títulos que circulam mais como legenda do que como linguagem. Estão ali — sobre a mesa de centro, no fundo borrado de uma selfie, empilhados com esmero no story das 22h — não para serem lidos, mas para dizer algo sobre quem os exibe.

Isso não é exatamente novo. Já existia antes do Instagram, quando bibliotecas eram montadas para impressionar visitas. Mas agora tudo é mais veloz, mais performativo, mais visível. E, paradoxalmente, mais oco. Ler, que exige tempo, silêncio e entrega, virou o oposto da lógica da rede. Ali, tudo precisa caber num segundo, numa imagem, num gesto rápido. O livro, então, deixa de ser mergulho para virar moldura.

Mas há algo mais fundo nisso — e talvez mais triste. Ler de verdade nos transforma. E toda transformação tem um preço: tempo perdido, certezas abaladas, incômodos que não rendem curtidas. Os livros dessa lista são, em sua maioria, obras densas, sofisticadas, muitas vezes belíssimas. Mas exigem esforço, e esforço não fotografa bem. Por isso, são eternamente marcados por post-its coloridos e nunca por sublinhados reais. São livros que enfeitam mais do que tocam. Que representam mais do que dizem.

Não é julgamento. É constatação. E talvez também um lamento. Porque, em algum lugar entre a intenção e a vaidade, a literatura vai sendo empurrada para a vitrine. E, ali, mesmo os textos mais potentes acabam sufocados pelo filtro.

É possível, claro, que algum leitor os leia — inteiro, sem pressa, sem querer provar nada a ninguém. Mas esses são poucos. A maioria posta, elogia e guarda. Com orgulho, inclusive. Como quem diz: “um dia, eu leio.” E talvez leia mesmo. Só que não agora. Agora é hora da foto. Do feed. Da performance de quem, mesmo sem virar as páginas, acredita já ter lido o suficiente para merecer os aplausos.