5 livros que fizeram celebridades pedirem desculpas por recomendá-los

5 livros que fizeram celebridades pedirem desculpas por recomendá-los

Há recomendações que atravessam o tempo, como cartas enviadas a si mesmo em outra encarnação — endereçadas sem saber exatamente quem vai recebê-las, como quem, num lampejo de boa vontade, oferece um romance que o tocou, ou um título cuja beleza parece inofensiva e universal. Só que nem sempre o gesto é inofensivo. O livro que mudou a tarde de alguém pode transformar-se em peso de consciência, quando, no turbilhão de opiniões, uma recomendação se revela um eco incômodo do passado. Não se trata, aqui, de censura explícita — mas de uma espécie de expiação laica, pública, que obriga a celebridade a reconsiderar o que compartilhou. Talvez a literatura, com suas ambiguidades insuspeitas, exponha aquilo que, no momento da leitura, parecia tênue, e depois se avoluma em tempestade.

No fundo, ninguém sabe ao certo onde uma obra literária pode nos levar. A ficção, especialmente, é território de riscos: há livros que seduzem com promessas de humanidade, para depois, examinados sob outra luz, revelarem arestas que ferem — trechos que hoje soariam anacrônicos, passagens que ecoam preconceitos, atitudes de personagens que, num cenário de hashtags e indignação, ganham peso de escândalo. O desconforto não vem apenas do texto, mas do ruído ao redor: o olhar vigilante de quem exige responsabilidade ética até mesmo nas escolhas literárias. Recomendou-se, pensou-se bem, e, de repente, aquilo que era afeto passa a exigir retratação.

Curioso notar que, muitas vezes, o pedido de desculpas não vem de quem escreveu, mas de quem leu — de quem sugeriu. É o preço da fama, talvez, ou só mais uma demonstração de que, na era da exposição total, o menor gesto pode se tornar público, interpretado, desmontado em praça digital. Livros são, por natureza, ambíguos: o que para uns é beleza, para outros é ofensa. Por isso, quando uma celebridade pede desculpas por um livro, não é apenas sobre literatura. É sobre o choque entre o íntimo e o coletivo, sobre o silêncio das páginas que, de súbito, gritam alto demais.