10 livros que Pepe Mujica afirmou terem sido fundamentais em sua formação Reprodução / IA

10 livros que Pepe Mujica afirmou terem sido fundamentais em sua formação

Dizem que somos aquilo que lemos, e talvez ninguém encarne isso com tanta verdade quanto Pepe Mujica. O ex-presidente uruguaio, que virou símbolo de simplicidade e coerência política, construiu sua visão de mundo entre a lavoura, a prisão e as páginas dos livros. Ele mesmo já confessou que não há cela capaz de aprisionar quem tem a mente livre — e boa parte dessa liberdade nasceu da literatura. Mujica não é homem de ostentar biblioteca, mas guarda consigo um acervo interno que o guiou em seus dilemas éticos, resistências e escolhas cotidianas. Seus livros favoritos não são os mais vendidos da temporada nem se enquadram em listas de autoajuda ou empreendedorismo. Eles provocam, questionam, inquietam. E essa inquietação, para ele, é a centelha da consciência.

Ler, para Mujica, nunca foi um ato de distração, mas uma forma de sobrevivência. Entre os clássicos universais e os autores latino-americanos, ele encontrou consolo, fúria, coragem e um senso de justiça afiado. Cada livro que lhe tocou deixou marcas mais profundas do que cicatrizes físicas. É curioso imaginar aquele homem de fala mansa e olhar cansado citando Platão ao lado de Galeano, ou usando Maquiavel para refletir sobre o poder — não para dominá-lo, mas para desmontá-lo. Para Mujica, essas leituras não foram apenas formação intelectual, mas convívio íntimo com ideias que o obrigaram a pensar sobre a humanidade, o fracasso, a esperança e, sobretudo, a liberdade. Ler era uma forma de manter-se inteiro enquanto o mundo ao redor insistia em fraturá-lo.

Nesta lista, a Revista Bula reuniu dez livros que ajudaram a moldar o Mujica homem, militante, estadista e pensador. Obras que desafiam convenções, desmascaram estruturas e valorizam o inconformismo — algo que ele conhece bem. Não são títulos escolhidos para impressionar, mas para inspirar. Muitos deles foram relidos ao longo da vida, como quem retorna a um velho amigo em tempos difíceis. E mesmo que você não concorde com tudo que o Pepe pensa ou representa, ao menos saberá de onde vêm suas ideias — e perceberá que, por trás da simplicidade do “presidente mais pobre do mundo”, há um leitor atento, um humanista rebelde e um eterno aprendiz. Que essa seleção provoque em você, leitor ou leitora, o mesmo efeito que teve sobre ele: uma vontade danada de compreender o mundo — e, se possível, transformá-lo.