10 livros superestimados que ninguém tem coragem de dizer que são ruins

10 livros superestimados que ninguém tem coragem de dizer que são ruins

A literatura, com suas diversas formas e estilos, tem o poder de entreter, educar, provocar e transformar. No entanto, em meio à vastidão de obras disponíveis, algumas recebem elogios artificiosos e injustificáveis, que resultam numa aclamação a que só a burrice coletiva deste insano século 20 pode dar lastro. Tal percepção abre um campo fértil para debates sobre o que faz uma obra literária ser considerada valiosa e, o principal, quem determina esse valor. Quando alguém diz que um livro é sobrestimado expressa um desapontamento muitas vezes idiossincrásico — mas que pode, sim, ter fundamento racional. Isso explica-se, em parte, ao chamado hype, uma tendência qualquer que, por um motivo quase sobrenatural, torna determinada publicação um objeto do desejo.

Investimentos portentosos em marketing, campanhas publicitárias rumorosas e elogios de famosos nas suspeitas (e odientas) redes sociais criam aquela espuma por baixo da qual nada há além de logro e platitude. Influenciadores digitais tomam o lugar de quem entende do riscado e critérios técnicos, estéticos ou mesmo políticos, por que não?, são vistos como manifestações de preconceito, aporofobia, alienação de uma elite malvada. A grande ironia é que, com um único encômio acerca de determinado livro, o tal influenciador pode embolsar milhares de reais. É o estelionato cultural.

A preferência literária respalda-se numa miríade de fatores. Um livro pode ser amado por alguém que se vê em sua história ou estilo, enquanto para outro leitor ele pode ser superficial ou tedioso. A pluralidade de gostos é uma das grandes belezas da vida. O que é monótono para um, pode ser emocionante para outro. O que parece raso a alguns, pode estimular uma multidão. A leitura é uma experiência íntima e bastante subjetiva. Certo, concordamos com tudo isso. Porém, há uma medida nas coisas.

Qualquer um nota quando começa a se formar um arrastão em favor de certos autores, o que acaba por levar a uma espécie de ditadura mental, que encarcera, tortura e lincha a reputação daqueles que ousam ir contra a corrente. Paulo Coelho talvez seja o exemplo mais bem-acabado dessa cristalização do escritor de sucesso, cuja obra passa longe de valores artísticos — e há que se apontar a gradação entre arte, cultura, entretenimento e lazer —, e, em assim sendo, encabeça essa lista, com dez exemplos de como pensa o mercado editorial. No caso do Mago de Si Mesmo, a massificação das redes nada tem a ver com seu êxito interplanetário, o que torna o cenário ainda mais aterrador.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.