5 livros que acalmam o cérebro ansioso: a nova biblioterapia que virou refúgio emocional

5 livros que acalmam o cérebro ansioso: a nova biblioterapia que virou refúgio emocional

Há dias em que a mente se transforma num bicho encurralado — fareja perigos que não existem, rosna diante do nada, e estremece ao menor ruído interior. Uma inquietação que não avisa quando chega, nem por que veio. Apenas se instala, como um visitante indesejado que, aos poucos, toma a casa inteira. Há quem tente silenciá-la com ruído — liga a televisão, corre para a rua, inventa tarefas. Outros tentam sufocá-la com disciplina: respiração contada, posturas calculadas, controle. Mas há também aqueles que, de forma quase instintiva, buscam o caminho mais silencioso de todos: abrir um livro. Não para entender o mundo, nem para se entender. Apenas para esquecer que estão tentando.

A literatura, quando atinge esse raro estado de repouso, não oferece respostas nem promessas. Ela respira junto. É como encostar a cabeça no colo de alguém que não pergunta, não analisa, não soluciona. Só fica ali — com você. O coração aos poucos se rende ao ritmo da narrativa, o corpo se acomoda sem perceber, e aquela urgência que gritava dentro da cabeça começa a sussurrar em outro idioma. Um idioma feito de imagens, de vozes alheias que dizem, sem dizer, aquilo que não se tinha coragem de formular.

Curiosamente, nem sempre são livros sobre ansiedade que cumprem esse papel. Às vezes, é uma história banal contada com delicadeza, um personagem falho que se arrasta pelos próprios abismos, uma paisagem descrita com tamanho cuidado que o mundo de fora se aquieta. O gesto da leitura — lento, íntimo, voluntário — tem algo de oração despretensiosa. E é nesse intervalo sutil entre a atenção e o abandono que mora a possibilidade de consolo. Não o consolo retórico, mas o mais rarefeito: o que não precisa explicar por que consola.

Há quem diga que tudo isso é fuga. Pode ser. Mas há fugas que salvam. Fugir para dentro de um livro é, em certos dias, a única forma de continuar habitando o próprio corpo sem sufocar. E isso — eu diria — já é um começo.