Livros

Por que Flores para Algernon continua sendo um dos livros mais cruéis e humanos já escritos

Por que Flores para Algernon continua sendo um dos livros mais cruéis e humanos já escritos

A ascensão intelectual de Charlie Gordon é acompanhada por meio de relatórios de progresso que respiram. A linguagem cresce, afia, ilumina laços e crueldades ocultas, até perceber que todo ganho carrega a semente da queda. A partir daí, cada simplificação gramatical vira ferida, cada gesto de cuidado sustenta o que a memória abandona. Sem vilões de cartolina, o romance desmascara o espetáculo científico, o deboche cotidiano e o medo.

Ele escrevia como se faltasse ar: a história do escritor brasileiro que fez milhões chorar em silêncio

Ele escrevia como se faltasse ar: a história do escritor brasileiro que fez milhões chorar em silêncio

Entre o Potengi e a máquina de escrever, José Mauro de Vasconcelos transformou errância em método e memória em forma. De Bangu a Natal, dos barcos ao set, aprendeu ritmo com o corpo e precisão com a escuta. Caminhava cenários antes de escrevê-los; ruminava anos, escrevia em dias. Atuou, roteirizou, narrou com foco de câmera e calor de conversa. Sua prosa une delicadeza e corte, infância e ferida, humor e contenção. Atravessou salas de aula e fronteiras porque fala baixo e acerta fundo.

O livro que fez Kafka chorar

O livro que fez Kafka chorar

Numa estrada empoeirada da Saxônia do século 16, um homem simples vê sua vida tranquila devastada pela arbitrariedade. Seus cavalos, sua dignidade, tudo lhe é arrancado pelas mãos da autoridade que deveria protegê-lo. Sua reação silenciosa cresce lentamente, consumindo-o até que a injustiça o torne incendiário. Um século depois, numa Praga escura e claustrofóbica, outro homem encontra no primeiro um espelho sombrio de seu próprio tormento. A burocracia kafkiana, as portas fechadas e os papéis inúteis se tornam metáforas vivas dos cavalos roubados. Entre eles, o desespero se repete, como se o tempo não fosse suficiente para apagar velhas injustiças.

6 livros que só mudaram o mundo depois da morte de seus autores

6 livros que só mudaram o mundo depois da morte de seus autores

Nem sempre o impacto de uma obra coincide com a vida de quem a escreveu. Melville morreu em silêncio. Kafka pediu queimar seus manuscritos. Hurston foi enterrada sem lápide. Orwell partiu antes que o mundo parecesse com o que ele descreveu. Rilke nunca viu suas cartas publicadas. Em comum, todos escreveram obras que só fariam sentido quando o tempo histórico alcançasse suas intuições. Não foram redescobertos por acaso. Foram reencontrados porque o mundo mudou — e, ao mudar, passou a enxergar neles o que antes não via. Há legados que só se tornam legíveis quando a urgência finalmente os alcança.

Brasil 2025: quando a profecia de Machado de Assis se tornou realidade

Brasil 2025: quando a profecia de Machado de Assis se tornou realidade

Num Brasil onde máquinas brilham mais que ideias, a literatura agoniza à sombra do progresso material. E quem já alertava sobre isso no século 19 era Machado de Assis. Suas críticas à elitização da arte e ao abandono da educação continuam tão atuais quanto urgentes. Enquanto celebramos avanços tecnológicos, ignoramos o poder da palavra, da reflexão, da sensibilidade. Este texto revisita o pensamento machadiano e propõe algo radical: um golpe de Estado literário. Porque sem livros, sem pensamento crítico, sem arte acessível, o país não progride — apenas corre, cada vez mais rápido, para longe de si mesmo.