Por meio de um recorte estritamente pessoal, íntimo, “1976”, de Manuela Martelli dedica-se a revolver um pouco mais do que ainda sobra de mistério sobre a ditadura de Augusto Pinochet Ugarte (1915-2006). O encontro de uma dona de casa, burguesa e dominada pelo tédio, com um militante político que precisa dela dá um rumo novo a sua vida, até que o destino dos dois sofre uma grande mudança.
A arte como processo de cura é bem comum. No caso de “O Rei de Staten Island”, a comédia serviu para ajudar seu o ator Pete Davidson, que interpreta o protagonista, a atravessar o luto pela morte do pai. O enredo é inspirado na própria história de Davidson, que perdeu o pai no 11 de setembro. Com ajuda do diretor Judd Apatow, ele encontrou uma forma de traduzir suas emoções e seguir em frente.
Os homens, seus medos, as tentativas de sufocá-los e a constatação de que os medos são uma companhia incomodamente fiel ao longo da vida. É de raciocínios como esse que boa parte de “That Demon Within” é feito, e o diretor, juntamente com Wai-Lun Ng, põe no roteiro suas impressões quanto ao que pode absorver da vida de policiais e ladrões para além das máscaras ajustadas num sentido e no outro de cada lado, para fins diametralmente opostos.
Difícil não se apaixonar pelas obras de Pedro Almodóvar, um dos cineastas mais cheios de personalidade, sensibilidade e carisma de todos os tempos. Seus enredos complexos, enigmáticos e cheios de reviravoltas conseguem nos hipnotizar e nos surpreender sempre. “Julieta”, que está disponível na Netflix, não poderia ser diferente. Embora tenha tido pouca divulgação, o longa-metragem é uma obra de arte que merece sua atenção.
No inaudito “Entre Facas e Segredos”, Rian Johnson subverte a ordem do estabelecido nas histórias de suspense e altera toda a estrutura da narrativa, não sendo mais razoável especular sobre a autoria de um crime, em geral, como é o caso, um homicídio. O que importa mesmo na trama de Johnson é a que altura da história se vai chegar ao assassino — e aqui suspeitos não faltam.
