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Alex Garland é dos poucos cineastas a serem capazes de subverter a pletora de lugares-comuns que sufocam tais enredos, embora seja precipitado se considerar esta uma moda superada. Saborosamente confuso, seu desnorteante “Aniquilação” (2018) é, decerto, das produções mais originais no ramo — ainda que transposto do livro do americano Jeff Vandermeer, publicado no Brasil em 2014 pela Intrínseca (se se optar por excluir filmes adaptados de trabalhos literários, aí mesmo é que não resta pedra sobre pedra).

Não há nenhuma diferença entre “Resgate 2” e as melhores histórias de super-heróis. O filme de Sam Hargrave dispõe de personagens com funções bastante específicas na história; desenrola-se o conflito, a que já estamos todos acostumados e que pensamos insolúvel, e a certa altura, o protagonista, dotado de qualidades para muito além dos talentos de um homem comum, torna-se presença obrigatória, quase enjoativa, dando a falsa sensação de poder dirimir todo impasse.

Obra-prima do cinema, ganhador de dois Oscars e indicado a oito, “Sangue Negro” é um filme do cineasta Paul Thomas Anderson, lançado em 2007, e tem o três vezes vencedor do Oscar de melhor ator Daniel Day-Lewis como seu protagonista. No longa-metragem, ele vive o implacável e ganancioso explorador de petróleo Daniel Plainview, que divide sua influência em uma pequena cidade da Califórnia com seu adversário, Eli (Paul Dano), um líder religioso fanático e manipulador.

O protagonista de que fala o diretor carioca Wagner de Assis em “Kardec: A História por Trás do Nome” era um sujeito pacato, como qualquer outro, decerto acostumado a ela e quiçá feliz, no modelo de felicidade que permitiam sua época, as pessoas com quem convivia, o governo autocrático que regia suas ideias, vontades e ações, e com os quais, de uma maneira ou de outra, terminava por aquiescer.

Ninguém aguenta muito tempo sem que comece a sentir ganas de parar tudo de imediato e fazer um balanço sincero de sua vida até então, pesar os prós e os contras, ver no que acertou e no que poderia não ter errado, largar tudo e mudar de vida. História do fim do mundo particularmente amarga, “O Livro de Eli” mesmeriza em inúmeras passagens — isso para não citar uma em especial, em que o personagem-título, vivido com inspiração espantosa por Denzel Washington, despe-se de sua máscara cênica.