Crônica

Deus não nos salvará; mas morrerá conosco

Segundo a hipótese mais aceita nos meios científicos, a vida teria surgido há cerca de 3,5 bilhões de anos, possivelmente em algum lugar da Terra. Ou mesmo em algum planeta de um sistema próximo (em termos cosmológicos) e pode ter vindo parar aqui na garupa de estilhaços retirados de algum corpo celeste por cataclismos de dimensões interestelares. Deduz-se que a vida começou em um ambiente singular, cujas características o Homo sapiens ainda não logrou reconstituir e entabular uns serezinhos animados para concorrer aos já existentes.

Que tal um rolezinho na biblioteca?

Que tal um rolezinho na biblioteca?

Não sei a quantas andam as coisas aí na sua cidade, mas, por aqui, meu chapa, os filmes do Quentin Tarantino até pareceriam lorotas da Galinha Pintadinha: neguinho tá pitando crack, bordando e matando só pra ver o tombo. Nos dizeres dos malas, tá tudo dominado. Antes que os chatos de plantão me acusem de branquelo preconceituoso por eu ter utilizado o termo “neguinho” no sentido pejorativo, aviso logo que não sou segurança de shopping center pra ficar apartando gente de acordo com o grau de melanina na carcaça, não.

Conversa à toa sobre o começo, o meio e o fim do amor

Conversa à toa sobre o começo, o meio e o fim do amor

Sem aviso, o amor rompe a membrana tênue que separa as coisas elevadas, impossíveis, da vida corriqueira e seus acontecimentos rasteiros. Dá as caras à toa, sem mais, como alguém que vai ao mercado, o despertador que não toca, a moça que acorda com raiva, o pobre que acerta na loteria, o tombo da patinadora. Porque o amor pertence à insuspeitada categoria das coisas imprevisíveis. O amor vive no terreno do imponderável.

Viagem de um homem comum a um céu extraordinário

Viagem de um homem comum a um céu extraordinário

E como um dia há de ser com toda boa alma, hoje um homem subiu aos céus de manhãzinha e descobriu que o paraíso não é só um amontoado de anjos tomando sol num campo verde e infinito além das nuvens. Entorpecido pela surpresa, o homem se deu conta de que o céu é uma grande e abençoada cozinha. Ali, as crianças brincam com batatas espetadas por palitos de fósforo formando rebanhos em fazendas de sonho, debaixo de uma mesa onde as avós escolhem de grão em grão o arroz e o feijão das próximas refeições.

Estupros coletivos, pesadelos particulares

Estupros coletivos, pesadelos particulares

Eu sei que acabamos de adentrar o ano de 2014, e ainda há milhares de pessoas arrotando cidras cereser e gozando merecidas férias, e muitos ainda se ocupam em anotar numa embalagem de padaria as metas para o ano que se inicia. Não quero atrapalhar a digestão, muito menos, as férias de ninguém com as minhas reflexões acerca das reincidentes atrocidades humanas. Mas acontece que a ruindade do homem não respeita os pipocos do champanhe. Na engenharia da maldade, não existe o botão de “Pause”.