Filmes

Agraciado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, “Atlantique”, desdobramento do curta de dezesseis minutos de uma década antes, junta uma realidade austera ao fantástico, presente em toda a tradição africana, e legitima Mati Diop como uma porta-voz relevante de uma parcela considerável da ancestralidade negra, começando pelo fato de, com este trabalho, ter sido a primeira cineasta afrodescendente a vencer em Cannes.

Publicado em agosto de 1938, “Rebecca — A Mulher Inesquecível” tornou-se um marco literário ao explorar a vulnerabilidade e o conflito emocional de uma jovem que, ao se casar com um homem socialmente prestigiado, confronta o peso da memória da falecida esposa do marido. Com sua narrativa envolvente, Daphne Du Maurier conduziu a protagonista por uma trama de suspense psicológico, onde o passado da enigmática Rebecca se revela tão opressor quanto a própria atmosfera de Manderley, o sombrio palacete em que a história se desenrola.

No olhar sensível de Kenneth Branagh, “Belfast” se revela uma homenagem profundamente pessoal às lembranças de sua infância na Irlanda do Norte durante os anos 1960, um período marcado por tensões religiosas e políticas. Através dos olhos de Buddy, um garoto de nove anos em meio ao caos dos primeiros anos dos Troubles, o filme explora o cotidiano de uma família comum que tenta preservar seu afeto e humanidade em um cenário de conflito e incertezas, misturando memórias vívidas e uma melancolia contida, tudo capturado em belíssimos tons de preto e branco.

A mente humana é um território insondável, repleta de mistérios e curvas labirínticas onde muitos já se perderam ao tentar desvendar as profundezas de seus próprios pensamentos. M. Night Shyamalan sabe explorar essas camadas ocultas e revela, em “Fragmentado”, um estudo intenso sobre os aspectos mais sombrios da psique. Ao retratar o protagonista Kevin Wendell Crumb, um personagem com múltiplas personalidades que habitam seu corpo e espírito, o diretor constrói um cenário complexo e sombrio.

Em um mundo devastado por guerras e escassez, onde a sobrevivência tornou-se luta diária, “O Livro de Eli” acompanha um homem solitário e misterioso em uma missão de fé e determinação. Carregando um livro com valor sagrado, Eli, interpretado com intensidade por Denzel Washington, percorre uma América apocalíptica, enfrentando ameaças e tentando preservar a última chama de esperança para a humanidade. Dirigido pelos irmãos Hughes, o filme mistura ação e filosofia, revelando uma jornada sombria sobre redenção e crença no futuro.