Reunindo um popstar fora de época e uma escritora acidental, esta comédia romântica dribla o lugar-comum ao transformar a nostalgia em terreno fértil para a autocrítica e o afeto. Sem fingir originalidade onde ela não existe, o filme explora com inteligência as rachaduras da fama e o improviso do amor, compondo, entre ganchos melódicos e silêncios constrangedores, algo mais sincero que o esperado.
Em um território devastado onde o pó cobre ruínas e certezas, um homem caminha em silêncio, guiado por um propósito que ultrapassa a compreensão comum. “O Livro de Eli” mergulha num futuro corroído por guerras religiosas, onde a fé sobrevive como arma e como escudo. Entre a brutalidade e o sagrado, o filme constrói uma jornada seca, simbólica e inquietante sobre poder, convicção e silêncio — e sobre o preço de preservar aquilo que já não se entende.
Num mercado saturado por fórmulas mornas e romances plastificados, esta comédia dirigida pela mexicana Analeine Cal y Mayor surpreende ao cruzar leveza narrativa com provocações nada superficiais. O que começa como uma sátira sobre fracasso literário evolui para um embate entre repressão e desejo, tradição e reinvenção. Mais do que rir, o filme convida a repensar os limites da autoria, da identidade e do prazer.
Warren Beatty atravessou seis décadas de cinema sem se limitar a uma única função: ator, diretor, produtor e roteirista, ele sempre moldou sua trajetória de acordo com suas próprias regras. Seu retorno às telas após um hiato de 18 anos com “Regras Não Se Aplicam” gerou expectativas e questionamentos. A obra, que se disfarça de comédia romântica ambientada na Hollywood dos anos 1950, está longe de ser apenas um romance nostálgico. Na interseção entre ingenuidade e pragmatismo, Beatty propõe um estudo sobre ilusões e realidades que transcende a história de seus protagonistas, Marla Mabrey (Lily Collins) e Frank Forbes (Alden Ehrenreich).
Sem buscar prestígio nem se comparar a Spielberg, James Nunn encontra em “Tubarão: Mar de Sangue” uma brecha para tensionar o previsível. O terror não mora no susto, mas na espera, na alienação dos corpos entregues ao excesso. O mar é só o cenário; o monstro, só um detalhe. O ruído maior está no silêncio que vem depois, onde sobreviver é mais escuta do que reação — e a lembrança, uma ardência que só a água salgada revela por completo.
