Crônicas

Amigo não é coisa pra se guardar numa lata de lixo

Amigo não é coisa pra se guardar numa lata de lixo

Vivemos as agruras da intransigência. Amigos desconhecem amigos. É quando o sujeito se coisifica, numa metamorfose torpe, para desfavores da reciprocidade. Os órgãos do sentido perdem o rumo. De repente, já não são mais do ramo. É como se já não sentissem. Acontece assim a metamorfose: a primeira estação que seca são os olhos. Cega-se seletivamente.

Minha ditadura é melhor que a sua

Minha ditadura é melhor que a sua

Para além do cenário mundial de decadência da esquerda, que impulsionou a adesão ao extremismo, a necessidade de convencimento do outro tornou-se maior que a própria ideologia. Militantes de todos os lados aderem o discurso da minha verdade é melhor que a sua. Fatos e mentiras operando no mesmo regime de verdade. Cumprem um objetivo comum: confundir para descer uma opinião goela abaixo.

Precisa pouco amor pra gente viver bem

Precisa pouco amor pra gente viver bem

Contou-me que tomava antidepressivo, uísque e cuidado. Sofria de gastrite, artrite, fibromialgia e saudades-de-nada. Cursava Letras. Namorava firme com um colega de sala. Não era da minha conta, mas, fazia sexo com ele, sim. Não sentia muito prazer naquilo, mas, transava com ele. Fazia psicoterapia. Fazia ioga. Fazia tempo que não cria em Deus.

A opinião é uma ideia aposentada

A opinião é uma ideia aposentada

A frase-título desta crônica é de Millôr Fernandes, a quem concedi o título de “Único Filósofo Vivo do Brasil”. O fato dele ter morrido não quer dizer nada nesses tempos de fake-news e nem invalida a honraria, que seria recusada de imediato pois Millôr desprezava olimpicamente as medalhas e salamaleques, principalmente se viesse dos poderosos da vez.