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Marçal Aquino, nova vítima da censura moralista brasileira

Marçal Aquino, nova vítima da censura moralista brasileira

Inexplicavelmente, os gestores da Universidade de Rio Verde (Unirv), na região Sudoeste de Goiás, retirou o romance “Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios”, do escritor Marçal Aquino, da lista de leitura obrigatória de seu vestibular. Essa exclusão aconteceu após o deputado federal Gustavo Gayer (PL) publicar vídeo em que acusa o livro de ser “conteúdo literário pornográfico”.

Marçal Aquino e a inquisição da burrice

Marçal Aquino e a inquisição da burrice

Recebi um vídeo em que um tal Gustavo Gayer — um caçador de cliques para ninguém botar defeito — solta mais uma de suas flechas envenenadas visando a tenebrosas transações, publicado em sua página oficial no Instagram. Ali, Gayer, esse obelisco à moral e aos bons costumes, acusa Marçal Aquino de corromper adolescentes de catorze anos. Aquino, esse devasso, entrou no bolo de contrabando, porque a guerra santa que Gayer, deputado federal pelo PL de Goiás, quer travar é contra um inimigo muito mais pernicioso.

Telejornais

Telejornais

Agora os telejornais são assim: um minuto de notícia e dez minutos mostrando as versões de todos os envolvidos na notícia: Boa noite. Foi revelada hoje em Brasília a lista dos envolvidos no escândalo da vez. Entre os incluídos na lista estão, entre outros, o deputado X, o senador Y e o empreiteiro Z. Procuramos o deputado X, que afirmou que nunca roubou na vida, só um pirulito do seu irmão quando era menino, mas isso não vale.

Bula de Livro: Submissão, de Michel Houellebecq

Bula de Livro: Submissão, de Michel Houellebecq

Houellebecq é um sujeito detestável em diversos sentidos. Parece cultivar isso como um troféu, exagerando no mau humor, nos trejeitos afetados, na inflexão de voz enfadada, nas expressões esnobes, na higiene duvidosa, no penteado desleixado, no figurino ridículo, na aparência ignóbil, nas opiniões planejadamente controversas.

Bula de Livro: Ioga, de Emmanuel Carrère

Bula de Livro: Ioga, de Emmanuel Carrère

“Sou um homem narcisista, instável, saturado pela obsessão de ser um grande escritor. Mas é a minha cota, é a minha bagagem, é preciso trabalhar com o que se tem, e é na pele desse homem que devo fazer a travessia.” O livro, um misto de romance e autobiografia, mostra o mergulho visceral e demolidor de Emmanuel Carrère, um dos mais importantes escritores franceses, no inferno da depressão. Decidido a passar dez dias em um retiro de silêncio no interior da França, Carrère tem sua paz quebrada com a notícia da morte de um amigo, no ataque terrorista ao jornal satírico Charlie Hebdo.