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Nunca foi tão importante ler a Ilíada

Nunca foi tão importante ler a Ilíada

Este texto é um despropósito. A “Ilíada”, de Homero, certamente não precisa de apresentações, muito menos de uma chamada publicitária para convencer as pessoas a “darem uma chance”. A verdade é que o tempo vai passar, a Terra será engolida pelo Sol, a humanidade construirá casas de veraneio em Marte e, ainda assim, será possível escutar em algum rincão da galáxia, uma alma declamando: “Canta, ó Deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida”. A despeito disso, desejo aqui dizer algumas palavras sobre a epopeia homérica e sobre o benefício que sua leitura invariavelmente traz ao habitante deste século.

A ficção paranoica de Don DeLillo

A ficção paranoica de Don DeLillo

Em seus livros, DeLillo realiza uma remixagem de pedaços ou restos de estilos: ficção científica, romance policial, distopias, paranoia, conspirações, para gerar uma forma nova de narrar. O que seria apenas lixo cultural, porém, se transforma em grande arte do pensamento e da literatura. Devorar tudo também é a forma de a sociedade norte-americana se organizar e controlar a economia global. Os Estados Unidos fazem a combinação de dinheiro, tecnologia, guerras, armas e, sobretudo, produção da cultura para consumo mundial (haja vista o cinema e a música pop).

O trem da alegria ainda não parou na central

O trem da alegria ainda não parou na central

Gonzaguinha, talvez por transformar as dificuldades de sua vida em uma aguçada consciência política e social, fez delas o insumo principal para o desenvolvimento de sua carreira, que foi breve, mas marcante e muito importante dentro do cancioneiro popular brasileiro. E por que não dizer que, por isso, ele está inserido em nosso contexto cultural? Pode parecer brincadeira, mas é um fato que me aconteceu. Por obra do acaso, ouvi, com ouvidos de outrora, melancólicos e saudosistas, a música “A felicidade bate à sua porta” (Trem da alegria), de sua autoria, e algo me despertou para analisá-la de maneira mais atenta.

Acertaram na previsão: o Brasil virou uma Venezuela Foto / A. Ricardo

Acertaram na previsão: o Brasil virou uma Venezuela

O esplendor apresentado pelo Brasil a partir de meados de 1960 é inegável. Foi um período marcado por grandes conquistas, com um crescimento imune a qualquer negacionismo daquele período. O saudosismo é forte em relação àquela época — quando éramos respeitados mundialmente; hoje, o patriotismo é totalmente deixado de lado, e os valores minguam à mercê de ilusões e derrotismo. Infelizmente, eles acertaram na previsão: viramos uma Venezuela.

E o meu coração não se transformou numa Venezuela

E o meu coração não se transformou numa Venezuela

Nesse final de ano, a sensação é de alívio. O meu coração não se transformou numa Venezuela. O amor continua democrático: só não ama quem não quer. Além de saúde para suportar as agruras futuras, o que espero realmente para o ano que se inicia é um bocado mais de entendimento. Nada extraordinário, do tipo esperar que Vladimir Putin retire o seu time de campo e se desculpe por ter cometido um erro de avaliação ao invadir o território ucraniano.