Bula conteúdo

Entrevista perdida de Raul Seixas deixa claro que ele foi maior do que Elvis

Entrevista perdida de Raul Seixas deixa claro que ele foi maior do que Elvis

A despeito da vigência da mediocridade na seara cultural contemporânea, com a ascensão meteórica de artistas ordinários de última hora, ilustres desconhecidos sem o devido escopo qualitativo que se espera deles, em especial nas redes sociais da internet infestadas pela escumalha de patéticos influenciadores digitais, qualquer pessoa minimamente insana, sensível e desequilibrada saberá dizer quem foi Raul Seixas e conhecerá, ao menos, uma de suas canções.

Cenas da poesia marginal: Chico Alvim, Cacaso e Roberto Schwarz

Cenas da poesia marginal: Chico Alvim, Cacaso e Roberto Schwarz

Entre o exílio e a ressaca da ditadura, a amizade entre Roberto Schwarz, Francisco Alvim e Cacaso ilumina a Poesia Marginal. Reencontros, cartas e parcerias revelam um laboratório de linguagem que misturava humor, furor político e coloquialidade, em diálogo com a canção popular e a vida nas ruas. O crítico vira poeta, o diplomata aproxima gerações, o professor dá rumo ao movimento; e o país, à beira da abertura, entra no poema. Cenas íntimas e públicas se enlaçam: do maio de 68 aos corredores da PUC-Rio, num retrato geracional agudo.

O escritor que ensinou o Brasil a rir partiu. O riso ficou órfão. O país chora baixinho

O escritor que ensinou o Brasil a rir partiu. O riso ficou órfão. O país chora baixinho

Porto Alegre amanhece fria, em agosto; um sax em repouso, e o país segura o fôlego. Luis Fernando Verissimo, menino das gráficas, cronista de voz baixa, saxofonista de clubes e torcedor colorado, fecha o arco na cidade natal. Entre prensas e bondes, aprendeu atenção; entre salas e redações, entregou delicadeza e lâmina limpa. Viveu timidez generosa, respondeu leitores, preferiu ternura com precisão. Aos 88, morreu por complicações de pneumonia; ficam a cadência das colunas, o humor que cuida, a memória que não se apaga.

Numa tarde de fevereiro, aos 47 anos, o escritor que fez da solidão literatura despedia-se do mundo

Numa tarde de fevereiro, aos 47 anos, o escritor que fez da solidão literatura despedia-se do mundo

Da infância em Santiago ao retorno a Porto Alegre, a trajetória de Caio Fernando Abreu passa por adolescência em cidade grande, redações, vigilância política, uma temporada de autoexílio europeu e a decisão pública de falar do próprio corpo. Contista e cronista central da virada oitenta-noventa, ele fez da escuta uma ética e do detalhe um abrigo. Aos 47 anos, encerrou a vida numa tarde de fevereiro. O que ficou foi uma voz capaz de ensinar cuidado, nomear fragilidades e repactuar o afeto com quem lê em dias curtos de medo

Ele tinha 44 anos, o corpo em frangalhos e uma lucidez que feria. A cirrose venceu o homem. A poesia venceu a cirrose

Ele tinha 44 anos, o corpo em frangalhos e uma lucidez que feria. A cirrose venceu o homem. A poesia venceu a cirrose

Poeta curitibano de 1944 a 1989, Paulo Leminski cruzou origem polonesa e materna portuguesa, negra e indígena com judô, concretismo e música para lapidar uma voz breve e incendiária. Nas ruas e nos estúdios, uniu filosofia e fala de bar, amizade e risco, alegria e fenda. A redemocratização fervia; o corpo cobrava juros. O alcoolismo apertou, vieram internações, e Curitiba o velou jovem. Ficou a obra enxuta, lembrada por leitores e canções, que segue alterando o ar de quem a encontra, ainda hoje, em escolas, palcos e bibliotecas da capital.