Ela poderia estar malhando, mas…

Ela poderia estar malhando, mas…

Ela estava comendo um pastel e vendo a vida passar. Seu ônibus sairia em uma hora e até lá ela poderia comer mais algumas coisas e fazer outra coisa que gostava muito: criar scripts para a vida das pessoas que ela observava. Rodoviárias, aeroportos e metrôs eram seus ambientes favoritos para devanear sobre a história, sobre as dores e os amores daqueles desconhecidos, cujas faces ela encarava tentando ser sutil.

Enquanto ‘seu’ lobo não vem…

Enquanto ‘seu’ lobo não vem…

“Vamos passear na floresta, enquanto seu lobo não vem”… Era assim a letra da canção que todos entoávamos na infância. Ardia de vontade de ficar na rua um pouco mais até que seu lobo viesse e eu pudesse, finalmente, conhecê-lo. Mas havia o cuidado dos pais que nos botavam pra dentro, nos protegiam do encontro. Claro que o menino raramente o vê na infância, mas quantos lobos encaramos depois de adultos! Primeiro descobrimos que ele vem sempre; segundo, sobra cada vez menos floresta onde passear. Ferozes, nos ameaçam com o pior que pode acontecer a um homem — passar a vida em branco, não ser ninguém, não revelar nunca sua verdadeira alma, ser sempre uma mera peça da sofisticada engrenagem social — a floresta.

Não deixe pra depois. A vida acontece agora!

Não deixe pra depois. A vida acontece agora!

Mudar o rumo das coisas, trocar a mobília da casa e da alma, começar a dormir sob outro teto, quem sabe outra cidade, às vezes dá um pavor danado. Principalmente depois de muito tempo pensando só, quando a pessoa se torna o fantasma do seu próprio pesadelo. Porém, começar outra vez, seja em qualquer esfera da vida, é dar chance ao algo novo que surgiu acendendo a sua luz.

Em São Paulo, a cada dia, uma pessoa enlouquece

Em São Paulo, a cada dia, uma pessoa enlouquece

Há certas coisas que acontecem no mundo que você nem se dá conta. No mundo, a cada dez minutos, alguém pega AIDS e o controle remoto da TV. Nos países miseráveis da África, a cada cinquenta anos, um negro come a alcatra de alguém que já morreu. Em Brasília, a cada quinzena, quinhentos correligionários saem para jantar juntos e tramar contra o erário. No Congresso Nacional, a cada semestre, dez deputados investem quase todas as suas economias obtidas com propina para abrir uma pizzaria no Plano Piloto. Na sede campestre do Supremo Tribunal Federal, a cada final de semana, ou um juiz cava um pênalti, ou anula um gol legítimo. A torcida vai à loucura. No Brasil, a cada quatro anos, um malandro veste a sua armadura de vidro e, na cara dura, garante que vai salvar a pátria amada.

12 livros que desbotariam todos os 50 tons de cinza

12 livros que desbotariam todos os 50 tons de cinza

Todo mundo só fala desses tais “Cinquenta Tons de Cinza”. Quando não é o livro é o filme. Só faltam lançar vídeo games e quadrinhos desse negócio! O pior é que, até onde sei (só folheie rapidamente os livros e vi o trailer do filme), me pareceram produtos meio-frouxos, meia-bomba. Sem pensar muito dou uma dúzia de livros que certamente fariam corar (a fã de “Crepúsculo”) E. L. James, “autora” dos romances. E nem preciso citar os mais óbvios, como o Decamerão, o Marquês de Sade, o olho de Bataille, os anais de Anaïs Nin, os trópicos de Miller ou os Budas Ditosos do “escritor ninja” João Ubaldo Ribeiro (alguém aí se lembra do ex-imortal vestido de ninja no Casseta & Planeta?). Realmente, a literatura para ser lida com uma mão só já viu dias melhores.