Autor: Marcos Fayad

A Morte é uma caipira que canta sertanejo universitário

A Morte é uma caipira que canta sertanejo universitário

Tem muita gente por aí sonhando com a plaquinha, inclusive e principalmente em vida. Muitos coadjuvantes que passam a vida tirando selfies desfocadas, se sentido protagonistas. Quase artistas cheios de glórias municipais com poses de internacionais. Os piores talvez sejam justamente esses que fazem viagens internacionais e continuam sendo jecas-tatus dentro e fora de nossas fronteiras, nunca aprendendo nada. Que tédio dessa gente!

Tenho medo

Tenho medo

A Cici Pinheiro ganhou da Secretaria Municipal de Cultura um teatrinho de 80 lugares com seu nome — coitada, era o que mais temia quando viva. É o que eu mais temo hoje: que algum idiota entre as centenas que falam mal de mim, invente de colocar meu nome numa dessas salas lúgubres da área cultural. Isso me causa asco e pânico ao mesmo tempo. Sei que corro este risco porque se hoje me hostilizam e dizem que sou um cara de temperamento difícil entre outras agressõezinhas baratas imagino que depois que eu morrer vão descobrir que eu era um cara maravilhoso que fez muito pela cultura.

Enquanto ‘seu’ lobo não vem…

Enquanto ‘seu’ lobo não vem…

“Vamos passear na floresta, enquanto seu lobo não vem”… Era assim a letra da canção que todos entoávamos na infância. Ardia de vontade de ficar na rua um pouco mais até que seu lobo viesse e eu pudesse, finalmente, conhecê-lo. Mas havia o cuidado dos pais que nos botavam pra dentro, nos protegiam do encontro. Claro que o menino raramente o vê na infância, mas quantos lobos encaramos depois de adultos! Primeiro descobrimos que ele vem sempre; segundo, sobra cada vez menos floresta onde passear. Ferozes, nos ameaçam com o pior que pode acontecer a um homem — passar a vida em branco, não ser ninguém, não revelar nunca sua verdadeira alma, ser sempre uma mera peça da sofisticada engrenagem social — a floresta.