Uma historinha para você entender o título do texto: durante uma viagem de barco no Rio Grande do Norte, vi uma adolescente que exigia que os pais tirassem fotos de cada momento do passeio: ela subindo no barco, ela descendo no barco, ela ajustando o biquini. Fiquei imaginando se havia jornalistas de plantão em algum lugar esperando pelo material.
Chegamos à metade de 2022 e as plataformas de streaming já lançaram dezenas de produções originais, dividindo o público com as salas de cinema. Apenas a Netflix lançou mais de 50 filmes. Para facilitar a vida de nossos leitores, fizemos uma seleção com os dez melhores filmes da Netflix lançados até agora. O critério para as escolhas foram as notas atribuídas no IMDb e no Rotten Tomatoes. A lista contempla filmes de todos os gêneros e para todos os gostos. Da melancolia de Richard Linklater ao deslumbramento visual de S.S. Rajamouli.
Os chavões têm o poder transcendental da verdade sem as tintas da retórica, e a máxima de que tempo é dinheiro é uma das mais flagrantemente verdadeiras desde que o mundo é mundo, e muito mais insinuantes à medida que os anos avançam. Andrew Niccol trabalha com eficiência todos esses gastos conceitos em “O Preço do Amanhã”, sem conseguir evitar os lugares-comuns do tema, mas sem deixar que a importância do assunto se perca, nisso ajudado por um elenco jovem e certeiro.
Ficou conhecida a provocação de Theodor Adorno sobre o desafio de fazer poemas depois dos campos de concentração. A indagação apareceu no pós-Segunda Guerra Mundial. Não haveria uma escrita capaz de apreender o sofrimento causado por cidadãos europeus, no coração de que se imaginava ser a civilização exemplar para o mundo todo. Quem produziu o alto pensamento ao longo da História, realizou uma “exibição de atrocidades”, conforme disse bem um romancista inglês.
Filmes de ação não primam exatamente pela coerência. A inclusão de subtramas sérias, voltadas à elaboração de algum tema urgente, fundamental para o esclarecimento de questões sobre determinado personagem, logo cedem lugar a um sem fim de sequências em que o arrebatamento da violência destemperada suga por completo a energia de qualquer outra possibilidade narrativa por se insinuar, o que desemboca em duas conjunturas: ou o filme é tão bom que não precisa de mais nada, ou é tão ruim que não pode mesmo alçar voos mais elevados e se contenta em repisar lugares-comuns.
