A vida prepara surpresas que não estamos prontos para receber. A gente pode até controlar, até certo ponto, nosso destino, mas as águas que nos levam cadenciam ao ritmo do vento, que jamais podemos prever. Fernando Pessoa já dizia que “viver não é preciso”. Não há bússolas, mapas, orientações geográficas, absolutamente nada que nos garanta o que vem a seguir. “Um Mar de Esperança” é sobre exatamente sobre isso. Sobre como conduzimos o barco, mas não a maré.

Biografia romanceada (e mesmo imaginada) do que se tornou um ícone da beleza, do arrojo, da oxigenação dos costumes, mas também do desarranjo do poder, da desídia com a opinião pública e, o principal, do menoscabo com o tal povo, que pagava a conta de seu fausto e o de seu séquito de bajuladores, “Maria Antonieta” obriga Sofia Coppola a passear pela figura de uma das mulheres mais influentes do seu tempo, compondo um retrato alternativo, mas verossímil, da mulher e do mito.

O amor adoça a vida, faz tudo valer a pena. Nem sempre o amor precisa ser romântico. Pode ser uma amizade, os filhos, os pais. O amor é a única coisa que faz sentido em toda nossa existência. Mas depois de certo ponto da vida, a gente começa a ficar cético, ranzinza e a gostar cada vez mais da solidão e do silêncio. O doce e leve “Nossas Noites”, filme de 2017 dirigido por Ritesh Batra, mostra o que acontece quando alguém ousa quebrar nossa redoma de reclusão e a deixamos entrar. Os resultados são incríveis.

De quando em quando, o cinema toma novo fôlego revivendo as tramas que já se mostraram capazes de absorver o difuso interesse do espectador e deixar a crítica entre atônita e encantada. Sujoy Ghosh leva para a Índia o nonsense do espanhol “Um Contratempo” (2016), em que Oriol Paulo submete a concentração e mesmo o equilíbrio de quem assiste a uma prova de resistência. Paulo assina o roteiro de “Badla” junto com o diretor, e os dois tornam novamente viável que o público se perca nos labirintos de um homicídio cuja assassina se faz conhecer desde sempre, justamente por saber-se dona de um talento incomparável.

A Terra é redonda e o Holocausto aconteceu, à despeito do que alguns teóricos conspiracionistas possam acreditar e apregoar. “Resistência” é um filme com Jesse Eisenberg que relembra esse período sombrio da humanidade e o início da carreira do mímico francês de origem judaica, Marcel Marceau. Ao contrários do que muitos pensam, seu começo não foi nos palcos, mas nos esconderijos, se apresentando para crianças judias salvas por um primo. Marceau as divertia e ensina a sobreviver. Ele também acompanhava as crianças nas fugas para outros países, ajudando a protege-las contra soldados nazistas. Essa história incrível você pode conferir nessa produção de altíssima qualidade.