O filme que o algoritmo nunca vai te recomendar, mas que você precisa ver
Nas frestas mais íntimas da memória coletiva brasileira, há histórias que não se apagam, não porque tenham sido registradas, mas porque foram enterradas vivas. “A Vida Invisível”, dirigido por Karim Aïnouz e baseado no romance de Martha Batalha, não é apenas um filme sobre duas irmãs separadas. É uma carta não enviada, um grito abafado entre paredes que não escutam, uma partitura que jamais chegou a ser executada. No coração do Rio de Janeiro dos anos 1950, entre o tropicalismo exuberante e a brutalidade moral silenciosa, Guida e Eurídice Gusmão representam não só a mulher brasileira silenciada pela família, pelo Estado e pela tradição, mas a humanidade partida em dois, não por tragédias excepcionais, mas por rotinas socialmente sancionadas.