Autor: Enio Vieira

Clarices, carolinas e hildas: um mapa das escritoras brasileiras contemporâneas

Clarices, carolinas e hildas: um mapa das escritoras brasileiras contemporâneas

Ser escritora no Brasil significa enfrentar desafios simultâneos. O primeiro deles é a entrada no campo literário dominado historicamente por homens brancos, héteros e de classe média. Esse é o obstáculo cultural e social que, ao longo dos anos e de forma lenta, vai sendo superado com o surgimento de mais e mais autoras. Ao mesmo tempo, existe no plano estético o peso da figura de Clarice Lispector, a “poeta forte” na literatura brasileira contemporânea, para usar uma ideia de Harold Bloom.

Voz ativa: a música popular brasileira em quatro tempos

Voz ativa: a música popular brasileira em quatro tempos

Quem assiste à série “Coisa Mais Linda” (2019), da Netflix, tem uma ideia de como se formou o sistema da música popular brasileira. Com uma história de amor em primeiro plano, as duas temporadas recriam o ambiente em que surgiu a Bossa Nova no Rio de Janeiro, no final dos anos 1950. Na série, a personagem Malu comanda a boate onde se apresentam os músicos para um público de classe média carioca e sofisticado. Chico Carvalho representa o compositor e cantor que faz a ponte com os sambistas negros do morro. E Roberto é o dono da gravadora que move os negócios do novo som.

Sentimentos gerados pela visita a cemitérios

Sentimentos gerados pela visita a cemitérios

Por duas vezes, fiz algo aparentemente estranho: visitar cemitérios onde estão enterradas pessoas que admiro. Ainda bem que não estou sozinho nesse costume. Saiu agora no Brasil a coletânea de ensaios “Campo Santo”, do alemão W.G. Sebald, morto num acidente de carro em 2001. Ele relata na abertura do livro a ida ao cemitério da Ilha da Córsega, terra de Napoleão Bonaparte — nas próximas semanas, falarei mais sobre esse autor imperdível.

Quatro romances para pensar o Brasil moderno

Quatro romances para pensar o Brasil moderno

Escrever ficção ou poesia no Brasil sempre teve o caráter de uma “literatura de dois gumes”. O escritor se vê diante do fardo de enfrentar, ao mesmo tempo, o fato estético e o fato histórico, conforme apontou Antonio Candido. Algo diferente de outros lugares do mundo. Ninguém pensaria em ler Flaubert para explicar a França ou Goethe para entender o destino da Alemanha. Mas, por aqui e na América Latina, o artista é chamado a encarar, constantemente, a vida concreta e a “estilizar” a realidade em suas obras.