Homens são autores. Mulheres precisam provar que são
É sempre assim. Quando o nome de um homem aparece na lombada, a estante se enrijece. Há um eco silencioso — feito de resenhas passadas, mesas redondas, cátedras enferrujadas — que sussurra antes mesmo da primeira linha. O livro ainda nem foi lido e já é importante. Já é obra. O autor já é Autor. Um homem que escreve não escreve: atesta. Não precisa pedir licença para entrar na tradição; ela já está posta à sua espera, cadeira cativa, copa servida, currículo pronto. Escrevem como se soubessem que o mundo os lê com crédito antecipado. E talvez saibam.