Julio Cortázar é idolatrado por leitores que fingem gostar do que não entendem

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De repente ficou óbvio, naquela roda de conversa sobre livros, que quase ninguém ali realmente entendia do que estava falando. Citavam trechos, referências cruzadas, páginas avulsas como cartas de baralho jogadas sobre a mesa, e alguém mencionou Cortázar, assim, sem aviso, e a conversa mudou de tom como se tivessem tocado num ponto sagrado. Cortázar virou aquilo, um santo literário estranho, desses que não se questiona nunca, porque questionar Cortázar é mostrar que você talvez não seja inteligente o suficiente para entrar no clube secreto dos leitores sérios. E no fundo, ele pensa agora, ninguém entendia nada mesmo.

4 livros que confortam mais do que 1000 conselhos

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Há momentos em que tudo o que nos resta é recuar para dentro de nós mesmos. Palavras bem colocadas, às vezes, podem acolher mais que conselhos bem-intencionados. Livros não resolvem problemas, é verdade, mas nos abraçam no silêncio das páginas, compartilhando conosco um peso que ninguém mais compreende. São obras que não prometem curas, mas que talvez aliviem por revelar delicadamente que não estamos sós na experiência humana. São vozes antigas ou contemporâneas, sempre discretas, que nos confortam exatamente por não tentar resolver a vida por nós.

5 leituras para quem prefere Virginia Woolf à terapia

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É curioso como algumas pessoas lidam com a vida mergulhando no caos para esquecê-lo. Outras, com mais sorte ou menos senso prático, preferem a literatura, essa terapia não regulamentada que dispensa crachá, diploma e horário marcado. Se Virginia Woolf substitui sua analista e Sylvia Plath fala mais alto que o seu grupo de apoio, este texto é para você. Aqui, os personagens não querem se resolver, querem se escrever. E tudo bem: às vezes, não entender é o primeiro passo para continuar vivendo.

A melhor ficção científica que você verá neste fim de mês acaba de estrear na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

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O pulo do gato em “Infinito” é fazer com que o espectador acredite que a jornada de Evan McCauley é uma sucessão de acasos, o que acontece sem nenhuma dificuldade, já que essa é, basicamente, a história de qualquer um. Partindo de suas fraquezas, esse sujeito atormentado pode tornar-se uma figura mítica ou resistir, encarniçado na dúvida de que algum mistério caviloso integre sua essência.

10 histórias que poderiam ser lidas daqui a 100 anos — e ainda fariam sentido

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Em um futuro em que talvez os carros voem, mas o Wi-Fi ainda caia no meio de reuniões importantes, algumas histórias continuarão a nos atravessar com a mesma precisão incômoda de um exame de consciência. Não importa quantas inteligências artificiais tentem prever nosso comportamento, certos livros ainda parecerão escritos sob medida para nossos tropeços mais humanos. Afinal, mesmo que os sentimentos venham a ser classificados como dados obsoletos, ainda vai doer ser rejeitado por mensagem, abandonado num beco emocional ou ignorado no silêncio ensurdecedor da indiferença alheia.